Entrou, pela primeira vez, como visitante e foi paixão à primeira vista. Voltou, passados uns meses, mas para trabalhar. E já lá vão 10 anos
Entrou, pela primeira vez, como visitante e foi paixão à primeira vista. Voltou, passados uns meses, mas para trabalhar. E já lá vão 10 anosNo Dia do Trabalhador,celebrado a1 de Maio, recordamos o percurso de Gonçalo Cardoso, ao serviço da missão no museu de arte Sacra e Etnologia. aprende-se muito com os missionários pela vivência que eles têm, afirma. Isso ajuda a compreender o próprio museu. Tentamos transmitir da melhor forma, a partir das colecções, essa experiência aos visitantes. O actual director afirma sentir-se também missionário. Entusiasma-me esta dimensão. Quem trabalha no museu também tem de ter gosto pela missão e saber transmiti-la.
O público é sensível a esta outra realidade que lhes é proporcionada. Gonçalo Cardoso dá o exemplo dos índios Yanomani, do Brasil. as pessoas, em particular as maisjovens, são muito abertas, respeitam as diferenças e compreendem facilmente. Um museu tem uma função educativa. Os visitantes são incentivados a ajudar esta causa missionária, através de trabalhos, exposições, ou de outras formas. Às vezes chegavam a ser mais radicais e propor manifestações em defesa do povo indígena.
Gonçalo Cardoso entrou pela primeira vez no museu, como visitante, em Outubro de 1999. Foi paixão à primeira vista. Quando visitei fiquei encantado, conta o licenciado em História de arte. até escrevi no livro de honra. Tinha acabado o curso e andava à procura de emprego. O seu sonho era dar aulas, mas o mercado estava saturado. Foi então que resolveu tentar a sua sorte noutro sector. Mandou o currículo para o museu e a resposta não tardou em chegar. Não pretendiam contratar ninguém, mas precisavam de ajuda no inventário. E foi assim que, a 16 de abril de 2000, iniciou um estágio profissional de nove meses.
Passaram-se dez anos. Desde 2006, desempenha o cargo de director e não é padre. Um facto que não o impede de fazer um bom trabalho. Pelo contrário, até tem algumas mais-valias. Não havia continuidade nos projectos do museu, por ser dirigido por missionários. Muitos não tinham formação, e quando já estavam dentro das situações partiam para as missões, explica.
O facto atrasava o andamento do museu e acabou por motivar a escolha de um leigo para o cargo de director. Trabalho que Gonçalo Cardoso tem assumido com paixão e dedicação. O especialista em História de arte criou toda uma dinâmica em torno da unidade: tertúlias, acções de formação, entre outras actividades. Relembra, em particular, a primeira de todas – o Dia dos avós e Netos – que teve bastante êxito. O museu tem de ser vivo. Não pode estar fechado, tem de estar aberto à comunidade.