“Eu sou o primeiro e o último. Estive morto e vivo pelos séculos. Tenho as chaves da morte e do abismo”, lê-se na segunda leitura do Domingo de Pascoela
“Eu sou o primeiro e o último. Estive morto e vivo pelos séculos. Tenho as chaves da morte e do abismo”, lê-se na segunda leitura do Domingo de PascoelaO evangelho do segundo Domingo da Páscoa traz-nos automaticamente à memória a personagem São Tomé, apóstolo da dúvida e, também, de um dos actos de fé mais profundos em relação a Cristo. ao ver finalmente o Senhor Jesus Ressuscitado, Tomé exclama: Meu Senhor e meu Deus!. Várias podem ser as nossas reacções à atitude deste apóstolo. Não é difícil compreender que existe em todos nós um Tomé que, às vezes, sente dificuldade em afrontar os problemas da vida, que se sente perplexo, medroso mesmo, diante da fé quando esta parece definhar. Mas em cada verdadeiro crente há igualmente uma fé granítica na ressurreição de Jesus Cristo: não quer dizer ter o sentimento da fé, mas viver as consequências da aceitação que fizemos de Cristo como chefe e guia da nossa vida. Na expressão clássica de São Tiago: a fé sem obras está morta (2, 17). Uma das melhores fórmulas para uma fé serena e até exuberante é a prática comunitária da fé. Todo o ser humano é um ser social, que necessita de viver integrado na comunidade humana. O mesmo se passa na vida cristã: onde a comunidade está reunida no nome do Senhor, aí está Cristo, não um Cristo passivo, contemplativo, mas um Cristo que se partilha com os crentes presentes e lhes dá a sua própria vida nova de ressuscitado e a comissão de O levar aos outros.
Estava uma vez um grande neurologista de visita ao seu irmão farmacêutico que vivia numa cidade bastante longe. Enquanto conversavam, entra na farmácia uma mocita de sete anos. Diz ela ao farmacêutico que vinha comprar um milagre para o seu pequenino irmão que estava doente do cérebro. a mãe dissera-lhe que só um milagre o podia salvar. Tenho aqui o dinheiro para pagar, disse a menina ao farmacêutico. O grande neurologista ouviu a conversa e dirigiu-se à menina e perguntou-lhe quanto dinheiro ela tinha para pagar o milagre. Um euro e 10 cêntimos, respondeu a menina. Mas eu creio que posso arranjar mais alguma coisa, se for preciso. Retorquiu-lhe o neurologista: Que coincidência! Um euro e 10 cêntimos é exactamente o preço de uma operação a um pequenino irmão. a operação correu maravilhosamente. Já em casa, a mãe das duas crianças, conversando com a família, exclamava: Quem sabe lá quanto é que custaria uma operação destas!. E a pequenita comentou com orgulho: Eu sei quanto custa: exactamente um euro e 10 cêntimos!. E podíamos nós ajuntar: E um Evereste de fé.
Por vezes pode atacar-nos o medo das consequências da fé. Mas o Deus que no-la concedeu no Baptismo, dar-nos-á também o que é necessário para a viver e partilhar com outros. Tal e qual como para o pão de cada dia, pois segundo o provérbio: Deus dá os dentes conforme a côdea. Mas o nosso euro e dez cêntimos, o nosso dizer-Lhe: Meu Senhor e meu Deus! tem de ser parte essencial de uma vida de fé em Cristo ressuscitado.