Fernando Rocha fala sobre a importância da celebração e explica como é encarada na região de Roraima. a Fátima Missionária estará presente neste grande momento
Fernando Rocha fala sobre a importância da celebração e explica como é encarada na região de Roraima. a Fátima Missionária estará presente neste grande momentoSinto a alegria de um povo que sempre acreditou em lutar pelos seus direitos, afirma o missionário da Consolata. Um povo que tinha uma fraca auto-estima, mas que se entregou plenamente a uma luta de mais de trinta anos. alguns guardam cicatrizes desse tempo. ainda hoje carrego as marcas do que tive de fazer para defender a minha própria terra, dizem os índios. Os missionários da Consolata foram preciosos aliados que acompanharam a história das comunidades indígenasda Raposa Serra do Sol, no norte do Brasil. Mantiveram-se presentes nos bons e maus momentos.
Eles descobriram que a força vinha não só da sua própria vontade, mas também da presença de Deus que caminha com eles e está a seu lado, afirma Fernando Rocha. Paraos índios, o momento representa a sua capacidade de resistência e conquista do direito à terra. Uma vitória única no Brasil: Um povo que, aos olhos do poder político e económico não contava nada, mas conseguiu reverter a situação. ao ponto de hoje ter a sua terra reconhecida e poder celebrá-lo.
a festa da homologação da reserva – Raposa Serra do Sol -lembra também a ajuda preciosa de parceiros. Pessoas e entidades que colaboraram com a causa indígena, através da assinatura de abaixo-assinados ou aderindo a projectos. Foi um trabalho de mutirão, um trabalho conjunto, explica o sacerdote de 46 anos. Há mão de tanta gente, por vezes desconhecida, que foi capaz de ser solidário com este povo e reconhecer os seus direitos.
a luta dos índios foi renhida. Contou com muitos opositores, em particular na região de Roraima. Pessoas, manipuladas pelos detentores do poder, que acreditavam em alegações falsas sobre os índios. Dizia-se que a homologação iria impedir o crescimento económico de Roraima. Especulava-se sobre a falta de emprego, aumento da violência, criminalidade, entre outras coisas. Há toda uma geração que foi formada e até marcada por todo o tipo de mentiras e calúnias que sempre houve em relação aos povos indígenas em Roraima, lembra. Um facto que só o tempo pode alterar.
ainda hoje há vozes discordantes, mas nota-se uma grande evolução nas mentalidades. O povo já tem outra consciência. as pessoas perceberam que muito do que se dizia não era verdade. as informações prestadas pela rádio e o jornal da diocese de Roraima também contribuem para esta mudança. Permitem mostrar a outra visão, a outra face dos acontecimentos. a cobertura mediática do eventoaté surpreende o missionário, quetrabalhahá 16 anos na região. Os meios de comunicação social falam da festa de uma forma bastante positiva e apresentam-na como um momento fulminante. Para mim foi outra vitória que nós conseguimos, conclui Fernando Rocha. Recorda-se que decorre de 15 a 20 de abril, em Maturuca.