“Vai em paz e não peques mais”, recomenda João no quinto domingo de Quaresma. O salmo responsorial acrescenta: “O Senhor é a nossa alegria”
“Vai em paz e não peques mais”, recomenda João no quinto domingo de Quaresma. O salmo responsorial acrescenta: “O Senhor é a nossa alegria” a cena descrita por João no capítulo oitavo passa-se no templo de Jerusalém: Jesus de madrugada apareceu outra vez no templo de Jerusalém… Sentou-se e começou a ensinar. Na Igreja, Cristo ensina sempre. Os doutores da lei e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em flagrante adultério. Legislava o livro do Levítico: Se um homem cometer adultério com a mulher do seu próximo, os dois serão punidos de morte (Lev 20,10). Perguntaram a Jesus: Na tua opinião, que vamos fazer desta mulher adúltera? Doutores da lei e fariseus pensavam que já tinham Jesus a dançar na corda bamba: se dissesse que dessem a morte à mulher, acusá-lo-iam de sedição contra os romanos, pois só os romanos podiam condenar à morte. Se dissesse que a deixassem viver, Jesus declarava-se contra a Lei do antigo Testamento.
Sendo a Palavra de Deus lei viva para as suas criaturas, temos de aplicá-la às circunstâncias. Primeiro, os judeus, como povo, tinham-se comportado com Deus várias vezes adulteramente, adorando ídolos. adultério este que lhes acarretara enormes problemas, tais como o amílcar na Babilónia. Nos nossos tempos, como é considerado o adultério? Declarar-se pelo adultério é declarar-se contra a Lei de Deus, é concorrer para a destruição da célula fundamental da humanidade, que é a família fundada por Deus à imagem da Trindade. Para muitos governos, é mais fácil passar leis em favor do divórcio e do adultério do que estabelecer órgãos que ajudem os casais ou as famílias que se encontram em dificuldade.
Por outro lado, temos de confessar que, mais ou menos, todos os homens e mulheres são, pelo pecado, adúlteros contra a lei e o amor de Deus. Neste sentido, para os judeus do evangelho, que acusavam a mulher de adultério, condenarem essa mulher, era condenarem-se também a si próprios. Todos reconheceram serem pecadores, quando Jesus lhes disse que tocava aos justos ali presentes começarem a apedrejar a pobre adúltera. Eles reconheceram-se pecadores ao irem-se todos embora. Ficam só Jesus e a mulher adúltera. Jesus recusa-se a condená-la à pena imposta pela lei. Ele é afinal, para ela e para todos, o perdão que Deus envia à humanidade. De coração cheio da desgraça do pecado, Jesus transforma essa mulher em habitação agradável ao Espírito do Senhor.
Jesus transformou o laço assassino da morte em aurora de vida nova para a mulher. Ele não veio abolir a Lei (Mateus 5,17-18 ), exprime-o ele categoricamente: Vai e não tornes a pecar. É dito para ela e para nós. Mesmo se culpados de pecado, se nos arrependemos, o juiz Jesus emite o decreto de absolvição a todo o pecador arrependido. Jesus perdoa para que, animados pelo amor manifestado no seu perdão, tomemos a decisão de não mais pecar. Passada, se assim podemos dizer, a sua quaresma de dor, a pecadora do evangelho de hoje fica cheia da nova vida trazida pelo crucificado ressuscitado. Podemos mesmo afirmar que, de todos os presentes, só ela se foi em paz, a paz que só se pode experimentar na vivência com Deus, a paz que é um motivo forte para mudar de vida.