«Estamos todos no mesmo: ou navegamos harmoniosamente e procuramos revolver as dificuldades em consenso, ou afundamo-nos irremediavelmente», afirma Carlos Domingos
«Estamos todos no mesmo: ou navegamos harmoniosamente e procuramos revolver as dificuldades em consenso, ou afundamo-nos irremediavelmente», afirma Carlos Domingos a Quaresma é um tempo dedicado à interiorização e reflexão. Os fiéis são chamados a repensar a sua relação com as outras pessoas, numa sociedade moderna mas cada vez mais só. Se de um lado, proporciona muitas oportunidades e formas de convívio, de outro leva as pessoas ao individualismo e à indiferença e, indirectamente, à solidão. O meio’ da comunicação tornou-se o fim último’ da comunicação, perdendo-se a pessoa no meio da confusão, considera Carlos Domingos.
a especialização do trabalho trouxe mais eficiência nas tarefas realizadas, mas põe as pessoas com os nervos em franja. No emprego, os trabalhadores experimentam alguns dissabores. Em alguns sectores, os intervenientes por vezes estouram’ e preferem ir para longe da avalanche de problemas alheios que lhe caem em cima e da hiper-sensibilidade das pessoas com quem trabalham, explica o missionário da Consolata.
Falta tempo para a reflexão; deveria procurar-se mais apoio na família, nos grupos e na sociedade organizada. Verifica-se que só os vencedores são reconhecidos e os perdedores caem para o lado devorados pela voragem da eficiência. Em jeito de análise, o sacerdote afirma: O que falta é uma mentalidade mais aberta por parte de todos nós. aberta às possibilidades de cada ser humano e consciente de que afinal o modelo económico actual é só isso: um modelo. O ser humano deverá ser sempre superior a qualquer um desses modelos.
Na quarta semana da Quaresma, recorda-se o episódio do Filho pródigo. Um jovem rapaz que se salvou por reconhecer a tempo os seus erros. Esperava-o um pai que sempre acreditou na sua conversão e o acolheu de braços abertos. Ora, os jovens de hoje também são o reflexo da dita sociedade moderna. Os meios de comunicação social divulgam com frequência casos de violência entre os mais novos. a depressão e o suicídio já não são só problemas de adultos.
Perante isto tudo, o que fazer então? Comecemos por auto-educarmo-nos nesta escola que é a vida acerca do facto de que, afinal, estamos todos no mesmo: ou navegamos harmoniosamente e procuramos revolver as dificuldades em consenso, ou afundamo-nos irremediavelmente, afirma Carlos Domingos. E se alguém se desviar, momentaneamente, da rota, tenhamos a coragem de o deixar cometer esses erros’ mas também de o acolher assim que o tempo for propício.