a população portuguesa está agora dividida em duas classes, a que trabalha e aqueles que não o fazem, porque não têm lugar no mercado de trabalho
a população portuguesa está agora dividida em duas classes, a que trabalha e aqueles que não o fazem, porque não têm lugar no mercado de trabalho a pobreza é normalmente fruto da falta de recursos de base ou de uma economia desequilibrada. No caso português teremos que assacar grande parte dessa maleita à falta de reformas, não apenas dos governantes, mas também das entidades interventoras, como o patronato e o sindicalismo. a situação económica do país está em alerta vermelho, o mesmo é dizer que caminha, a passos largos, para a bancarrota ou falência técnica – que poderá não acontecer – mas exige medidas muito penalizantes para a população.
Este ano de 2010 já está a ser um dos mais marcantes – pela negativa – das últimas décadas. E a perspectiva de melhorar nem sequer se pode pôr, uma vez que não há planos credíveis para encetar um caminho de retoma, capaz de nos conduzir a uma situação mais confortável. É imperioso que este ou outro Governo tenha a coragem de preparar e pôr em prática reformas justas na educação, na justiça, na fiscalidade e noutros sectores que delas carecem.
Nas condições actuais é importante que patrões e empregados se entendam. Mas também é necessário que as centrais sindicais e patronais tenham o bom senso que gere o encontro de um ponto de equilíbrio. O sindicalismo em Portugal necessita de gente com formação e aberta ao diálogo. a treta dos direitos adquiridos já não se pode conceber nesta economia de mercado aberto, embora isso seja a base da conversa de grande parte de sindicalistas portugueses em todas as áreas.
Há que encontrar novas formas de preservar o tempo de trabalho daqueles que o fizeram uma vida inteira. Têm direito a uma situação justa, mas que não penalize os restantes, sobretudo os que não têm acesso ao trabalho, como os mais jovens ou os desempregados. Os responsáveis sindicais estão a preparar uma onda de greves em vários sectores. Pura imbecilidade e irresponsabilidade desses dirigentes! a greve é um direito consagrado por lei. Mas não podem servir-se dela para criar a ilusão de que é possível parar as poucas medidas que estão a ser tomadas para iniciar o combate à crise do país, quando, pelo contrário, têm obrigação de ajudar os seus sindicalizados a superá-la. Isso é radicalismo puro.
Não é fazendo greve que se está a contribuir para uma vida melhor no futuro. ao invés, está-se a depauperar ainda mais a degradante situação de todos os outros.começa a ser tempo de responsabilizar também os dirigentes sindicais pela sua incompetência e involução demonstrada, dado que estão agarrados a velhas ideias e chavões, não abrindo caminho para a realidade de uma economia global.
O que pensarão – aqueles que não têm subsistência – destas greves feitas por aqueles que dizem que têm direitos? Há um sentimento de frustração na sociedade portuguesa, será que aqueles que ainda dispõem de alguma coisa para sobreviver, terão o direito de exigir, quando outros pouco ou nada têm? Há que ter um mínimo de solidariedade social com os mais desfavorecidos, pois não estão nessa condição por vontade própria.