Partilho com vocês a minha pequena e sincera meditação, reflexão sobre o Evangelho de Lucas 9, 28b-36, do segundo domingo da Quaresma
Partilho com vocês a minha pequena e sincera meditação, reflexão sobre o Evangelho de Lucas 9, 28b-36, do segundo domingo da QuaresmaNão foi a primeira nem será a ultima vez que Jesus fala da sua paixão. Escutem-no é a chave de todo o relato de Lucas: para estar próximos de Jesus não é necessário armar tendas, mas, sim, escutá-lo, viver a sua palavra. O Papa Bento XVI, na sua mensagem para a Quaresma, diz-nos que, para gozar de uma existência em plenitude, precisamos de algo mais íntimo que somente nos pode ser concedido gratuitamente: o amor de Deus. Estamos a caminho, em peregrinação permanente, em busca desse amor. Caminho que se faz com a nossa fadiga, com a nossa falta de esperança, muitas vezes, por não sabermos escutar, por mais que sejamos transfigurados, iluminados. Frequentemente não conseguimos entender o mistério e escândalo da cruz.
Cruz e ressurreição dão as mãos
Neste texto, Jesus parece estranho. Depois de derrubar todas as expectativas próprias do seu tempo e insistir em dizer que, como Messias, será morto e, assim, irá salvar a todos, afirma que os seus seguidores devem caminhar, devem levar as mesmas cruzes e até o mesmo martírio. E isto cada dia! Quem o entende? Às vezes é duro entender a lógica de Jesus. Porém, quando tudo parece um convite ao masoquismo, Ele manifesta-se transfigurado. É isto que os espera , assinala como num relâmpago no meio da noite. Cruz e Ressurreição dão as mãos, a ponto de ser impossível separá-las. a Ressurreição dá um novo sentido e vigor a uma vida que quer gastar-se e entregar-se; como o fruto dá sentido ao grão que é enterrado. assim a morte dá um sentido novo à Ressurreição, o amor nunca se faz tão generoso como quando dá a vida! E Jesus não será Messias além das nuvens , mas Messias que caminha connosco, que passou pela cruz e que se dirige a Jerusalém, terra da Páscoa e terra que vai ser ponto de partida para a missão. a transfiguração é uma antecipação da Ressurreição, da vida nova em Cristo. a transfiguração de Jesus dá um sentido completamente novo à vida e à morte! Torna compreensível a maravilhosa reflexão de Helder Câmara que dizia: Quem não tem uma razão para viver, não tem uma razão para morrer .
Pobres de nós se, queremos aburguesar-nos, instalar-nos ou acomodar-nos. Dizer como Pedro: Que bom estarmos aqui é, evidentemente, não saber o que se está a dizer . Muda, tudo muda , diz uma canção. a Quaresma é tempo de mudança, diz a Igreja. E nós o que dizemos sobre a Queresma, sobre a conversão? Transfiguramo-nos no nosso dia a dia ou, continuamos exatamente como somos?
Muitas vezes não queremos saber de mudança: Mais vale um mal conhecido, do que um bem por conhecer , sentenciamos. a transfiguração é ouvir: Isto é o que os espera . Ou dizer que dar a vida vale a pena . Lutar por uma sociedade justa e igualitária vale a pena. Viver em comunhão e solidariedade com os outros, vale a pena. Por isso, escutar a Jesus é importante. Ele é a voz do profeta dos tempos finais, do profeta como Moisés, que nos ensina o caminho da vida, do êxodo que é caminho de Páscoa.
O que celebramos na Quaresma não é um facto piedoso , no sentido comum do termo. É um facto vital, lançar-se e comprometer-se, dar a vida. É voltar-se para Cristo presente nos seres humanos principalmente nos mais abandonados e excluídos da nossa sociedade. Na mesma mensagem do Papa, citada acima, ele convoca-nos a vivermos impregnados de novas atitudes que realmente mudem as vidas.