a existência do emprego, ou não, está a catapultar os cidadãos e a sociedade portuguesa para o abismo económico
a existência do emprego, ou não, está a catapultar os cidadãos e a sociedade portuguesa para o abismo económicoPara o cristão o trabalho é um valor, para além da subsistência económica que proporciona e terá de ser esta cultura de valorização a força motriz para ultrapassar as dificuldades que se abateram sobre a população do nosso país. Quando possuímos algo de valioso, o que fazemos? Procuramos preservá-lo, não é verdade? Portanto, parece não haver outra alternativa.
O Estado tem obrigação de criar as condições políticas necessárias à manutenção do emprego e simultaneamente ao investimento noutras que gerem mais postos de trabalho, nomeadamente no sector empresarial e produtivo. Este poderá ser um dos caminhos mais importantes para combater a pobreza e exclusão social.
Dados conhecidos ontem do Eurostat (Gabinete de Estatísticas da União Europeia) apontam para uma taxa de desemprego em Portugal de 10,4 em Dezembro de 2009, o que revela quão grave é este problema, sobretudo atendendo à tendência de subida a curto prazo. O apoio aos desempregados é muito importante, mas apenas como medida excepcional e provisória, de molde a não aumentar as carências daqueles que são atingidos por essa fatalidade.
O Governo não pode continuar a subsidiar os desempregados da forma como o tem feito, é preciso incutir nas pessoas o interesse do trabalho individual como valor social e para além disso, criar mecanismos de controlo mais eficazes. aqueles que auferem subsídio de desemprego deveriam ser obrigados a dar contrapartidas, ou seja, para além das exigências previstas na Lei deveriam, por exemplo, prestar serviço à comunidade e ter acesso a receber formação profissional em escolas que já existam para tal.
Esta semana fomos confrontados com uma greve de classe, mais concretamente, a dos enfermeiros. Por muito justa que seja a sua causa, o de obter melhores condições para o sector, aqui põe-se outro problema que também se insere nesta perspectiva do valor do trabalho, mas acrescida de consequências sociais imediatas.
Será que a luta de uma qualquer classe terá que prejudicar sempre os mais desfavorecidos na sua generalidade? afinal, é disso que se trata, ou seja, a não prestação de cuidados de saúde necessários a doentes – na sua maioria sem recursos – representa uma violência social e humana que ultrapassa o aceitável e revela uma insensibilidade atroz.
Questiona-se aqui também a actuação dos sindicatos em geral, dado que os dirigentes não estão a cumprir o seu papel social, pois para além de defender o sector que lhes é afecto, também têm o dever de enquadrar essa luta de forma a não prejudicar a população, e muito menos a mais vulnerável. É urgente encarar o trabalho não apenas como uma necessidade, mas como valor que preenche a nossa cidadania e através do qual poderemos vir a ter uma sociedade mais justa.