O desespero de quem perdeu tudo o que tinha leva muitos a partir sem destino. Outros deslocam-se para o campo, com a esperança de uma possível nova vida
O desespero de quem perdeu tudo o que tinha leva muitos a partir sem destino. Outros deslocam-se para o campo, com a esperança de uma possível nova vidaPara qualquer sítio, menos aqui. É o desejo de muitoshaitianos, ansiosospor abandonarem Port-au-Prince, capital. Multidões de pessoas juntam-se no porto da cidade. Desejam partir para as suas terras de origem; outros até já põem a hipótese de regressarem a África, terra dos seus antepassados. Em suma, todos querem fugir aos caos que se instalou na cidade e esquecer o dramático acontecimento de 12 de Janeiro. Relatos de quem já não tem nada a perder e tenta uma vida nova fora da capital. Divulgados pela agência IRIN, exemplificam a situação de muitos no país.
Não sei para onde vou. Tudo o que sei é que eu tenho de me afastar. Em qualquer sítio menos aqui. Quando lá chegar, logo decidirei o que fazer. É o lamento de uma jovem de 17 anos que já não tem nada a perder e desloca-se para o norte do país. Recomeçar a vida na província será mais fácil, ou pelo menos acredita-se que assim seja:Há mais milho lá.como poderei viver em Port-au-Prince? a minha casa ficou destruída. Tenho de alimentar os meus filhos, queixa-se uma mulher que partirá para norte. Um medo generalizado instaurou-se: Se conseguirem reconstruir esta cidade, um dia voltarei. Mas não antes disso, confessa outra.
Há quem leve bem a sério a proposta do presidente senegalês, abdoulaye Wade. Voltar para África, terra ancestral, não deixa de ser uma hipótese a ponderar. Somos africanos, portanto deveríamos voltar para lá. Talvez o continente consiga olhar mais por nós do que o nosso governo, consideram jovens haitianos. Se a África nos aceitar de volta, nós iremos. Precisamos de um novo começo.