“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” deve ser o exemplo a seguir pela Igreja, desde os bispos aos cristãos de hoje, que somos todos nós
“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” deve ser o exemplo a seguir pela Igreja, desde os bispos aos cristãos de hoje, que somos todos nósO casamento homossexual (união de pessoas do mesmo sexo) tem sido um tema de preocupação para o poder político – apesar de haver problemas muito mais graves que estão a minar a nossa sociedade – e culminou com a aprovação da Lei na assembleia da República (aR) no passado dia 8 de Janeiro. Portugal passa a ser o 8º país do Mundo a reconhecer o casamento de pessoas do mesmo género.
a lei, como outras produzidas na aR nos últimos tempos, parece ser de qualidade duvidosa, ou seja, não foram acautelados princípios de igualdade, o que poderá levar a ser alterada. Não questionamos a legitimidade do Estado Português em legislar sobre o casamento Civil (CC), é laico e como tal, tem o direito de acautelar direitos, mesmo que seja das minorias, como é o caso.
Por outro lado, o Estado tem o dever de ouvir a sociedade no que concerne aos problemas desta e respeitar as Leis que produz. aos cidadãos que não se revêem nos partidos políticos ou na sua actuação, a Lei prevê que uma Petição de 7. 500 cidadãos seja apresentada na aR para apreciação de defesa dos seus interesses.
No caso concreto do casamento civil, houve mais de noventa mil cidadãos católicos ou conotados com a Igreja, que apresentou essa Petição solicitando um referendo sobre este tema à população, no entanto os deputados da aR rejeitaram-na.
Deixamos à consideração dos políticos que servem o Estado Português duas perguntas. De que serve ao cidadão ter uma Lei que lhe permite ter outra opinião, se a mesma não for aceite? Em segundo lugar, qual a maior representatividade, aquela que é dada pelo voto nos partidos políticos, ou a outra que advém de uma consulta popular em referendo?
Quanto à posição da Igreja em referência a esta Lei entendemos que a deverá aceitar, mesmo discordando. Contudo, e tendo em conta os princípios que a regem – de defesa do conceito de família formada por homem e mulher – também tem o dever de tomar uma posição clara, e se necessário corajosa, dando orientações aos cristãos nesse sentido. a preservação da família, tal como foi aceite durante séculos, é um valor que deve ser defendido por todos aqueles que vêm nela um pilar da sociedade, sendo cristãos ou não. a sociedade de hoje é egoísta, propensa à defesa de valores amorais e não é de estranhar que se afaste da moral e mais ainda da moral católica.
É absolutamente necessário que a Igreja e os católicos demonstrem pela prática que são tolerantes, mas não cooperantes, com um Estado laico incapaz de assegurar o bem-estar de todos os cidadãos, independentemente do género ou credo que professam.
as Leis da República não protegem a família, mas unicamente os indivíduos enquanto tal e perante isso, as consequências estão à vista. a liberdade individual de todos os cidadãos que o actual primeiro-ministro diz defender com este diploma, tem que ser real e não pode ser cerceada quando convém aos partidos e/ou aos políticos.