Os últimos números da pobreza em Portugal apontam para mais de 20% da população, tendo já em conta as transferências sociais, como pensões ou subsí­dios estatais
Os últimos números da pobreza em Portugal apontam para mais de 20% da população, tendo já em conta as transferências sociais, como pensões ou subsí­dios estataisEntre os grupos de risco estão os idosos e as famílias numerosas, sendo afectas a estas um número elevado de crianças. O desemprego, salários baixos e pensões miseráveis, colocam estes grupos em situações muito difíceis.
Fernando Nobre, fundador e presidente da aMI, ainda recentemente no debate do 3º Congresso da Ordem dos Economistas sobre a Nova Ordem Económica, declarou que combater a pobreza é uma causa nacional. Mas declarou mais ainda Se somássemos os que recebem o rendimento social de inserção, os que recebem o complemento solidário para idosos, os que recebem o subsídio disto, e o subsídio daquilo, temos uma pobreza estrutural no nosso país acima dos 40%.
Perante estes números e aquilo que nos é possível constatar no dia-a-dia, vamos tentar dar um pequeno contributo no sentido da diminuição acentuada da pobreza em Portugal, isto em termos exequíveis e práticos. a pobreza é, antes de mais, uma questão cultural e só depois surge a dicotomia pobreza – riqueza.
Quando o número de pobres é elevado, isso quer dizer que a sociedade e as Leis não funcionam em pleno. aqui vem à colação a gestão dos governantes e dos privados. O Estado não pode, só por si, resolver o problema da pobreza, mas deve estar atento ao bem-estar dos cidadãos e isso implica a criação de legislação e condições económicas ou outras, para proteger os mais desfavorecidos.
Fábricas, indústrias, comerciantes e produtores poderiam, só por si e sem custos, resolver esta chaga social que é a pobreza. Se não, vejamos. Todos estes sectores vendem os seus produtos, contudo há sempre uma parte que é excedente ou desperdício, seja por defeito ou outros motivos, como por exemplo no que concerne aos produtos alimentares, aqueles que ficam fora de prazo e os que as fábricas ou produtores não conseguem ou podem vender. as grandes superfícies (supermercados) poderiam ter aqui um papel muito importante também.
Então, o que será necessário para por em movimento uma máquina de solidariedade desta ordem? Boa vontade e meios. Criar uma estrutura social, tipo ONG ou outra, que abordasse em todo o país estas entidades produtoras e comerciantes no sentido de as sensibilizar para esta causa. Essa estrutura de voluntariado teria que ter meios de transporte e armazenamento, para a captação e posterior distribuição dos bens alimentares ou de uso pessoal, procurando que eles chegassem aos mais carenciados.
Sabemos que isso implica custos elevados – que não podem ser assacados a quem dá os produtos – mas o Estado, através dos seus organismos e/ou financiamentos adequados, poderia contribuir com meios de transporte (carros afectos ao exército, por exemplo, ou mesmo outros) e serviço de voluntariado recrutado através da Segurança Social (os desempregados a quem atribui subsídios, por exemplo). Quem terá a coragem de dar o primeiro passo?