“No princípio, quando Deus criou os céus e a terra, as trevas cobriam o abismo, o Espírito do Senhor movia-se sobre a superfí­cie das águas”, lê-se em Génesis 1, 2
“No princípio, quando Deus criou os céus e a terra, as trevas cobriam o abismo, o Espírito do Senhor movia-se sobre a superfí­cie das águas”, lê-se em Génesis 1, 2Movia-se o Espírito do Senhor sobre as águas. O Espírito de Deus é o princípio activo que gera a vida, a água sem a qual nenhuma espécie de vida pode existir na terra. Sabemo-lo nós todos, sabe-o a ciência cada vez mais: sem água, não há vida. Não admira, portanto, que o Senhor Jesus tenha escolhido para gerador da vida sem fim, em nós, a água que o seu Espírito anima no Baptismo: Água + Espírito de Deus = vida divina eterna do ser humano. Lemos continuamente na Palavra de Deus mensagens sobre a água, tais como: Ó vós todos que tendes sede, vinde às águas e bebei… (Isaías 55, 1). Quem tem sede venha a mim e beba, e hão-de correr do seu coração rios de água viva (Jesus, em João 7, 37-39). João evangelista comenta: Jesus dizia isto referindo-se ao Espírito que iam receber os que n’Ele acreditassem. Outra maravilha-milagre da água para nós: Quando está no seio da mãe, a criança vive porque está imersa nas águas do seio da mãe, onde recebe alimento e oxigénio, sem os quais não poderia viver.
O que talvez nos pareça estranho é que o Filho de Deus, Jesus Salvador, tenha decidido receber, em público, o baptismo de penitência administrado por João Baptista, como lemos no evangelho de hoje. afinal de contas, o nosso baptismo apaga o pecado original (com que nós nascemos, mas que Cristo não tinha), torna-nos filhos de Deus (e Jesus era O Filho de Deus gerado desde toda a eternidade), e torna-nos herdeiros do Paraíso – mas Cristo é Deus, por isso é Paraíso para nós. Recebendo o baptismo de João, Cristo sepulta nas águas regeneradoras o velho adão todo inteiro, quer dizer a humanidade inteira, para comunicar a essa água a sua propriedade divina de santificação. Ele, o Salvador, que era Espírito e carne, santifica a água para assim nos iniciar nos sagrados mistérios mediante o Espírito e a água, afirma São Gregório de Nazianzo. Baptismo, cerimónia da nossa iniciação como cidadãos do Reino de Deus.
No momento do nosso baptismo recebemos a comissão de trabalharmos, em união com o Espírito do Senhor, pela nossa própria santificação. Recebemos também a comissão de partilharmos com todos os nossos irmãos e irmãs essa mesma verdade do que é e opera no ser humano: o baptismo. Sem esquecermos nunca a grande verdade que, como a Cristo no Jordão, também a cada um de nós disse Deus Pai no momento do nosso baptismo: Tu és o meu filho/filha muito amado, em ti pus o meu enlevo (Marcos 1, 11). Que maravilha de boa nova!