Na aproximação da Conferência de Copenhaga cresce o pessimismo em relação à possibilidade de obter o acordo de que a humanidade carece. Importa, contudo, ter prudência
Na aproximação da Conferência de Copenhaga cresce o pessimismo em relação à possibilidade de obter o acordo de que a humanidade carece. Importa, contudo, ter prudênciaUma coisa é a possibilidade de não termos resultados conclusivos em Copenhaga. Outra seria entrarmos numa vertigem de desânimo, exasperação e crispação. No primeiro caso, poderemos ter um sucesso moderado. No segundo caso, teríamos um fracasso do qual dificilmente poderíamos recuperar.
O que não vai acontecer em Copenhaga
a razão principal de algum desalento reside no facto de já sabermos que os EU a não vão apresentar objectivos vinculativos de mitigação para os gases com efeito de estufa (GEE), que são a causa principal das alterações climáticas, onde se insere o chamado aquecimento global. Barack Obama não é George W. Bush. Obama tem consciência da gravidade da ameaça climática para o futuro da humanidade. O problema é que ele não quer repetir o gesto de Clinton, em 1997, que assinou o Protocolo de Quioto, contra a hostilidade do Senado. Obama não quer ameaçar a possibilidade de a sua Lei da Energia e do Clima ter sucesso no Senado, onde se encontra agora, depois de ter passado na Câmara dos Representantes. Promessas unilaterais de Obama em Copenhaga, poderiam exasperar os senadores, que são ciosos das suas competências em política externa.
Sem o envolvimento dos EU a com números concretos, a China, a Índia, e outros países emergentes, dificilmente se comprometerão com números, não de redução efectiva (a que não são obrigados pelo princípio de equidade, das responsabilidades comuns mas diferenciadas), mas de redução das estimativas de aumento das suas emissões (entre menos 15% a 30% em relação ao cenário de crescimento mais conservador, como havia sido pedido pela União Europeia).
O que devemos exigir da Conferência
É importante que Copenhaga termine, marcando para 2010 uma reunião que permita, finalmente, estabelecer um acordo vinculativo em matéria de mitigação. Mas, mais ainda, Copenhaga pode, desde já, definir as grandes linhas de uma arquitectura financeira que permita alimentar os investimentos em adaptação às alterações climáticas dos países mais pobres, onde se inclui a maioria dos países africanos. O mesmo se diga para a indispensável transferência de tecnologia.
a União Europeia vai ter de dar o exemplo, para manter a liderança. E isso significa, desde já, renovar o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo de modo a responder às necessidades de energia, água e alimentos dos países menos desenvolvidos. Outro resultado de Copenhaga terá de ser a consagração de meios materiais que permitam a protecção, através do ordenamento e gestão sustentável, das florestas autóctones.
O tempo urge. a 1 de Janeiro de 2013 teremos de ter em vigor um novo e mais ambicioso protocolo climático. Não nos podemos permitir um fracasso.como disse o primeiro-ministro dinamarquês. Será um acordo em duas etapas. Mas um acordo efectivo!