O XXII Encontro Nacional da Pastoral da Saúde reunido em Fátima de 30 de Novembro a 3 de Dezembro centrou-se num tema actual e polémico: “Transplante de órgãos doação para a vida”
O XXII Encontro Nacional da Pastoral da Saúde reunido em Fátima de 30 de Novembro a 3 de Dezembro centrou-se num tema actual e polémico: “Transplante de órgãos doação para a vida” a legislação portuguesa assenta no conceito de doação presumida, o que significa que uma pessoa a partir do momento em que nasce adquire o estatuto de dador. É uma Lei aberrante – apesar de louvável na sua essência – contudo, quem não desejar ser dador poderá requerê-lo ao Registo Nacional de Não Dadores.
Qual a posição da Igreja sobre o assunto? O Catecismo da Igreja Católica afirma: a doação gratuita de órgãos após a morte é legítima e pode ser meritória. Convém recordar que a Igreja só aceita que a colheita de órgãos seja feita a partir do momento em que for declarada morte cerebral, uma condição sem a qual não é possível respeitar a dignidade da vida.
São de João Paulo II, de saudosa memória, estas palavras: Os transplantes são um grande avanço da ciência ao serviço do homem.
Já na encíclica Evangelium Vitae, o Papa diz: merece particular apreço a doação de órgãos feita segundo normas eticamente aceitáveis para oferecer possibilidades de saúde e de vida a doentes, por vezes já sem esperança (n. 86).
Por ocasião do 18º Congresso Internacional sobre Transplantes de Órgãos, realizado em Roma em agosto de 2000, Sua Santidade declarou: a doação de órgãos é uma decisão livre de oferecer, sem recompensa, uma parte do próprio corpo em benefício da saúde e do bem-estar de outra pessoa.
Certamente foi seguindo estas pisadas que o coordenador da Pastoral da Saúde, Vítor Feytor Pinto, explanou uma ideia simples e concreta: não estamos só preocupados com a colheita (dos órgãos), queremos educar as pessoas a terem a iniciativa para a doação. Mas o padre João Nuno (capelão do hospital de São João no Porto) foi mais longe dizendo: a educação para a dádiva é mais importante que a educação para a sexualidade.
Nas conclusões finais daquele encontro é referido ainda que a doação de órgãos é uma forma de solidariedade e caridade para com as pessoas.
Eis um excelente tema para reflectirmos e ajudarmos os outros a fazê-lo também. Deus concedeu-nos uma vida, um corpo com todas as perfeições que conhecemos ou não, e ainda nos dá a possibilidade de sermos úteis após a morte.
Como seres humanos é nossa obrigação ser solidários, por isso não devemos opor resistência a este valor tão importante que é o de contribuir com o nosso corpo antes ou após a morte, para benefício de outras pessoas que necessitam de um transplante. a caridade cristã mede-se pelas nossas obras e não por conceitos ou palavras belas.