“O nosso Estado convive mal com a Igreja e com a santidade” e deu pouco relevo à canonização de D. Nuno ílvares Pereira, disse D. José Policarpo na ocasião do evento de 26 de abril deste ano
“O nosso Estado convive mal com a Igreja e com a santidade” e deu pouco relevo à canonização de D. Nuno ílvares Pereira, disse D. José Policarpo na ocasião do evento de 26 de abril deste anoO tempo da Monarquia já passou, a governação do País é agora republicana e laica, mas isso não impede que se exija o respeito pelos valores que nortearam Nuno Álvares Pereira, bem como outros grandes homens, que foram e são um exemplo a seguir.
Os bispos de Portugal disseram Precisamos de figuras como Nuno Álvares Pereira: íntegras, coerentes, santas, ou seja, amigas de Deus e das suas criaturas, sobretudo das mais débeis. São pessoas como estas que despertam a confiança e o dinamismo da sociedade, que fazem superar e vencer as crises.
Para a Igreja a justificação para a elevação aos altares deste santo está definida, apesar de vozes contestatárias minoritárias em Portugal, especialmente de republicanos e ateístas.
Nuno Álvares Pereira é reconhecido pelos historiadores como um dos homens mais influentes da sua época, sobretudo pelo papel que desempenhou como guerreiro, combatendo em defesa da pátria portuguesa perante os espanhóis e consolidando a independência nacional através do apoio a D. João I, Rei de Portugal.
O Rei nomeou-o Condestável (Comandante supremo do exército), tendo este travado e vencido diversas batalhas, a última das quais em aljubarrota no ano de 1385, que determinou a resolução do conflito que opunha D. João I ao rei de Castela.
Conta-se que a sua espada, que tinha o nome de Maria gravado, lhe dava a devida protecção. Tal dito poderá ter a ver com a sua íntima devoção à Virgem Maria, afecto que esteve sempre presente em grande parte da sua vida, primeiro ainda como cavaleiro e mais tarde como monge.
D. Nuno, que foi também 3º Conde de Ourém, é natural que tenha passado pela actual Cova da Iria, aquando da viagem com os seus soldados em agosto a caminho de aljubarrota onde derrotou as tropas de Castela, isto segundo a tradição.
Com 63 anos abandonou as armas e o poder, despojou-se de todos os seus haveres, dando entrada no Convento do Carmo em Lisboa – por ele fundado – em 1423. adoptou o nome de frei Nuno de Santa Maria, tendo aí permanecido até à morte ocorrida em 1431 já com fama de santo.
Durante a sua permanência no convento trabalhou em prole dos mais necessitados, neles reconhecendo Jesus, pedindo esmola e organizando a distribuição quotidiana de alimentos, ou seja, assume como própria a condição mais humilde, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor e de Maria.
No epitáfio do seu túmulo podia ler-se: as suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande príncipe, mas fez-se humilde monge. De facto, isso define Nuno de Santa Maria perante qualquer cidadão, deixar poder, riqueza e dedicar o resto dos seus dias (oito anos) àqueles que mais precisavam é algo merecedor de profunda admiração.