Milhões de vidas humanas morrem todos os anos, nos países pobres, vítimas de doenças infecciosas. Entre doentes “pobres” e “ricos” existem graves desequilí­brios
Milhões de vidas humanas morrem todos os anos, nos países pobres, vítimas de doenças infecciosas. Entre doentes “pobres” e “ricos” existem graves desequilí­briosEm conjunto, a malária, a tuberculose e as várias estirpes do HIV-Sida provocam cinco milhões de mortes por ano, quase todas em países pobres, refere um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE). Três milhões de vítimas morrem de doenças que é possível prevenir com vacinas já disponíveis, lê-se no documento. Os custos de prevenção ou erradicação dessas doenças são sempre muito inferiores ao seu impacto económico, demonstram os economistas Jeffrey Sachs e Sonia Sachs no relatório Coerência em Políticas de Saúde.
O custo do controlo da malária em África, por exemplo, está calculado em dois mil milhões de euros por ano. ao passo que o custo, a curto prazo, desta doença é de pelo menos oito mil milhões de euros anuais. a malária resulta ainda na perda de 1,7 por cento em crescimento económico anual nos países africanos onde a doença é endémica. Segundo Jeffrey Sachs, bastariam 27 euros, por pessoa e por ano, para assegurar todos os componentes de saúde nos países em desenvolvimento. Nos países da OCDE, gastam-se em média 160 euros, por pessoa e por ano, apenas em medicamentos, revelou Stephen Lewis, ex-embaixador do Canadá nas Nações Unidas. E compara: Em África, o gasto médio, por pessoa e por ano, é de quatro euros para toda a assistência de saúde.
Padrões extraordinários de irresponsabilidade, negligência e falta de urgência de alguns governos e da parte do G8 (os oito países mais desenvolvidos) condenam, sem necessidade, milhões de pessoas a uma morte prematura, denunciou Stephen Lewis, especialista em Saúde Global e actual director da organização aids-Free World. Não tentem mostrar-me que não é possível comprometer algumas centenas microscópicas de milhões de euros em políticas de saúde, quando no último ano houve, de um momento para o outro, milhares de milhões de dólares para salvar bancos em dificuldade, afirmou.
O relatório da OCDE fala em graves desequilíbrios entre doentes pobres e doentes ricos quer no acesso aos tratamentos, quer no investimento em investigação de novos medicamentos. as catorze doenças tropicais mais mortíferas tiveram, no conjunto, um investimento de apenas 179 milhões de euros em 2007. apenas dez por cento das vacinas contra a gripe a (H1N1) estão disponíveis nos países em desenvolvimento, disse, a este propósito, a embaixadora da Comissão Europeia na OCDE, Laurence argimon-Pistre. Estas desigualdades estão a criar ressentimentos e fenómenos como a concorrência por amostras do vírus, referiu a embaixadora.