Um sacerdote fala num «negócio criminoso e político bem organizado». Os esforços do governo são infrútiferos e os raptos continuam a ser fonte de rendimentos
Um sacerdote fala num «negócio criminoso e político bem organizado». Os esforços do governo são infrútiferos e os raptos continuam a ser fonte de rendimentosUm missionário dos Oblatos de Maria Imaculada das Filipinas levanta o véu sobre o negócio dos sequestros, incentivado por uma quase total impunidade. Eliseo Mercado denuncia o envolvimento de figuras políticas. Estes crimes são manipulados por grupos que têm uma agenda política e económica. Em tempo de crise, é um negócio muito lucrativo. Existe corrupção e política por detrás do caso dos sequestros, revela, citado pela agência Fides. Segundo o religioso, desde 1996, ocorreram mais de 500 sequestros. Os missionários são alvos favoritos pela sua visibilidade, e por pertencerem à sociedade ocidental eà Igreja católica. O último sequestro foi justamente o de um padre.
O negócio é bem conhecido na sociedade. Todos sabem que estes crimes são perpetrados por bandos de fora da lei que há anos permanecem impunes, afirma o padre. O dinheiro é a grande motivação dos sequestradores. Para a libertação de pessoas estrangeiras, pedem resgates até cinco milhões de dólares. O governo já anunciou por várias vezes a paralisação dos grupos, mas os sequestros continuam a acontecer.como não se consegue debelá-los, apresenta-se cada vez mais forte a suspeita de que exista alguma relação com as forças de ordem ou com alguns sectores da política, explica.
O fenómeno acaba por prejudicar o relacionamento entre islâmicos e cristãos e impede a construção de uma sociedade pacífica. Cidadãos cristãos e muçulmanos condenam os sequestros e não conseguem entender porque o fenómeno continue a existir. O pior é quando a religião é instrumentalizada e se usa de violência em nome de Deus, explica Eliseo Mercado. Nos últimos quinze anos, vários missionários foram sequestrados e assassinados. Elessabem do risco, mas não desistem: a nossa fé e o nosso mandato missionário fazem-nos resistir, apesar do perigo. Confiamos na providência de Deus.