a crise económica e financeira de que tanto se fala manifesta-se de muitos modos
a crise económica e financeira de que tanto se fala manifesta-se de muitos modos a crise económica e financeira de que tanto se fala manifesta-se de muitos modos e é susceptível de diversas leituras, tanto no que se refere à análise das suas causas como na interpretação das suas consequências. Para além de grandes perdas nos activos financeiros das empresas e dos detentores de capital, que têm grande visibilidade nos títulos dos jornais e nos noticiários televisivos, não podem ignorar-se os seus efeitos sobre o desemprego estrutural que afecta um número crescente de pessoas que procuram emprego e não o encontram, a perda ou significativa redução do rendimento disponível de muitas pessoas com trabalho em sectores mais vulneráveis à crise, reduções sensíveis em algumas reformas e pensões por parte da população mais idosa acompanhadas de um justo receio quanto ao futuro, dificuldades crescentes experimentadas pelos jovens à procura de emprego, etc.
a margem de intervenção dos governos para gerir esta crise é estreita, visto que se trata de uma crise sistémica e de natureza global. assim, iludem-se os que pensam que tudo se resolveria a bem da qualidade de vida e do progresso material se o governo fosse mais à direita ou mais à esquerda, se os ministros fossem mais iluminados e mais empenhados na prossecução de maior equidade nas suas reformas, se a administração pública gerisse melhor os recursos de que dispõe.
Não quero com isto significar que não seja necessário contar com uma intervenção lúcida e assertiva por parte do estado e não seja imperioso dotá-lo de estruturas e políticas à altura dos novos desafios que esta crise levanta, no plano nacional.
Contudo, não nos basta esperar por reformas e políticas que venham de cima para baixo. Estas são indispensáveis, mas há que, igualmente, começar a construir saídas para esta crise, a partir de baixo para cima.
O sistema económico no seu todo precisa de uma reforma profunda, já que o mercado só por si e o tipo de empresas que conhecemos não asseguram a melhor alocação dos recursos e não garantem a sustentabilidade e a coesão social, dois pilares fundamentais da vida em sociedade.
Uma tal transformação levará tempo a implementar quando, entretanto, continuarão a crescer o número de vítimas da crise, entre as quais os desempregados, as pessoas com trabalho precário, os que vêem
o seu rendimento reduzido e não podem satisfazer compromissos com dívidas anteriormente contraídas, com a educação dos filhos ou outros encargos assumidos quando a respectiva situação financeira e as expectativas de futuro eram outras.
Há que atender a estas situações por vias que não se confinem à mera atribuição de algum subsídio ou dependência assistencial.
É, então, que ganha força a ideia de que a crise também tem de ser resolvida a partir de baixo, isto é, fazendo apelo à criatividade local, às redes de vizinhança, com fins de empreendorismo na resolução das necessidades colectivas mediante o emprego de recursos locais disponíveis.com este objectivo, há que apostar mais no micro crédito, no negócio social, nas empresas de solidariedade social, assim como fazer apelo à indispensável partilha de bens.
a solidariedade, hoje, exige generosidade neste tipo de partilha, mas também abertura de espírito a soluções inovadoras que coloquem a pessoa humana e o bem comum no centro da economia e na vida da empresa.