“Nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular” (II Pedro, 1, 20)
“Nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular” (II Pedro, 1, 20) a propósito da nova obra Caim, José Saramago originou esta semana uma polémica com representantes da Igreja Católica, essencialmente pelas palavras que proferiu no acto de lançamento do citado livro.
Lembramos que o escritor já noutro volume anterior O evangelho segundo Jesus Cristo de 1991, fez a sua própria interpretação da Bíblia, apresentando Cristo numa dimensão mais humana e carnal. Trocado por miúdos: se os evangelhos santificaram Cristo, José Saramago tratou de humanizá-lo.
Este autor é conhecido pelo seu ateísmo, para além da ideologia de comunista, mas isso não impediu que tenha sido galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1998, o que revela ser também possuidor de qualidades.
O facto de não acreditar em Deus faz parte das suas opções, é pessoal e como tal é nossa obrigação respeitá-las, mesmo discordando.
apesar disso, contestamos as suas depreciações em relação a Deus, dizendo que é um Deus mau e vingativo, de facto não correspondem à verdade e revela que não foi capaz de aprofundar os conhecimentos bíblicos, aliás ele admitiu essa falha.
Mesmo assim, declarou em relação a Caim: Não existiria este livro se o episódio de Caim e abel não estivesse na Bíblia, onde se mostra a crueldade de Deus. Não se deve ter confiança no Deus da Bíblia. Só pode ser uma interpretação fora de contexto, pois os estudiosos bíblicos não vão por essa via.
Se olharmos para a história, constactamos que as interpretações pessoais dos textos bíblicos deram origem a dezenas de milhares de seitas espalhadas nos tempos por todo o mundo, só no Brasil estão enumeradas mais de 56. 000, mas será bom reter que estamos a falar de seitas religiosas.
as interpretações de Saramago não passam de uma tentativa para amesquinhar os textos sagrados e não fazem jus à sua intelectualidade, pois são providas da necessária base de aprofundamernto.
Ele acrescentou que a Inquisição já acabou e precisou que não tinha medo, mas quanto a esta afirmação seria melhor comprová-lo. Se não tem mêdo, porque não escreve um livro sobre o alcorão, fazendo a sua interpretação negativa – tal como faz da Bíblia – ? Será que tem coragem para isso? Talvez não tenha, e não será difícil depreender porquê.
Convenhamos que até insígnes intelectuais pensam assim, a liberdade que Deus nos concedeu permite isso, mas seria bom que não fizessem dos outros ignorantes.
Também a interpretação bíblica deverá ser uma questão de seriedade e bom senso, mesmo para quem não é cristão é o mínimo exigível.
Jesus disse (SM 17,19): Na verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá, e ele passará, e nada vos será impossível.