“Orei e foi-me dado o Espírito de sabedoria… amei-a mais do que a saúde e a beleza…com ela vieram-me todos os bens”, lê-se no livro da Sabedoria
“Orei e foi-me dado o Espírito de sabedoria… amei-a mais do que a saúde e a beleza…com ela vieram-me todos os bens”, lê-se no livro da SabedoriaNo evangelho do XXVIII Domingo Comum, um jovem pergunta a Jesus que deve fazer para alcançar a vida eterna (Marcos 10,17). Diz o jovem a Jesus: Tenho observado todos os mandamentos da Lei de Deus desde a minha juventude. Responde-lhe Cristo: Uma coisa te falta: vai, vende tudo… depois vem e segue-me.
Temos consciência que também a nós falta alguma coisa para sermos como deveríamos ser: precisamos de aceitar e desenvolver mais em nós a força renovadora do Espírito Santo. Só assim poderemos recomeçar a fazer todas as nossas acções com a sabedoria que vem do alto.como Salomão, precisamos de orar para nos ser dado o espírito de sabedoria (Sab 7,7). a sabedoria leva-nos a aceitar a maneira que Deus tem de ver a vida. Dá-nos a força para não nos deixarmos enrodilhar às riquezas materiais: numa palavra, a sabedoria que Deus nos dá faz de nós verdadeiros discípulos de Cristo e verdadeiros seres humanos plenamente realizados.
Na primeira leitura, Salomão afirma que ter sabedoria é ter um coração dócil, que pratica a justiça e sabe distinguir o que é bom do que é mau e agir consequentemente. Pede Salomão a Deus a sabedoria de saber governar bem o seu povo. Surge naturalmente a pergunta: Faz esta sabedoria parte da bagagem operante dos nossos governantes? ao ouvirmos tantas afirmações de ateísmo e agnosticismo, tanta eliminação de tudo o que se refere a Deus, é lógico concluir que Deus não faz grande parte dessa bagagem governativa de muitos políticos. Continua ainda Salomão, dizendo que esta sabedoria que vem de Deus é uma riqueza incalculável. Mas então, quanta pobreza por este pobre mundo de Cristo! Sem a sabedoria que vem de Deus, pouco, se algo, se sabe governar os bens que Deus confiou à humanidade.
Um problema escaldante dos nossos dias, talvez muito maior do que por aí se conta, é a maneira desvairada como as leis dos povos dos nossos dias tratam a Natureza. Especialmente as leis dos povos mais desenvolvidos. Cada vez ouvimos mais os inculturados nestas ciências naturais dizerem-nos como os produtos da terra que vêm para as nossas mesas se estão a tornar causadores de doenças perigosas e de muitas mortes. Tudo por causa da maneira egoísta de tratar a terra e os seus produtos. E gente há que pensa que, se os governantes mostrassem tanta vontade em ganhar vitória sobre estes males como mostram desejo de ganharem as eleições, tais problemas seriam resolvidos muito mais depressa, para o bem real que merecem os governados. Louvores às boas excepções que certamente existem, àqueles que mostram interessar-se mais pelo bem do povo do que pelas cátedras da governação.
Se a humanidade enveredar pela estrada que leva à verdadeira sabedoria que só o Criador pode dar à sua criação, então, Criador e criaturas poderão juntos cantar os louvores dos corações dóceis à vontade de Deus. Então – e só então – abundantemente virão sobre nós as graças do Senhor nosso Deus, e fará Ele prosperar o trabalho das nossas mãos (do Salmo Responsorial, Salmo 90, 17).