Um velho problema da sociedade, mas que não perde a actualidade. Na Nicarágua, afecta cerca de 60 por cento da população feminina
Um velho problema da sociedade, mas que não perde a actualidade. Na Nicarágua, afecta cerca de 60 por cento da população femininaOs tempos mudaram, mas a questão mantém-se. Milhares de mulheres continuam a ser vítimas de violência física e psicológica dos seus companheiros, pelo mundo fora. Muitas vezes, é o medo que as leva a manter em segredo a mágoa de um mal que tanto as afecta. Em alguns países, o problema é encarado com normalidade e os apoios são poucos. Contudo, algumas vítimas não desistem e vão à luta. Na Nicarágua, estima-se que cerca de 60 por cento das mulheres são maltratadas.
Rebecca [nome fictício] era uma delas, mas com a ajuda internacional conseguiu refazer a sua vida. O alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (aCNUR), que a auxiliou, revela a sua história. a vítima foi obrigada a fugir do seu país e encontrar refúgio no México, para poder viver em segurança. Suportou durante mais de vinte anos os maus-tratos do seu marido. Quando estava grávida de gémeos, foi proibida pelo mesmo de ser vista por qualquer médico. acabou por perder as duas crianças à nascença. Voltou a engravidar e teve um menino. as ameaças proferidas pelo marido durante a sua primeira fuga levaram-na a esperar este tempo todo. Temia pela vida do seu único filho.
Porém, em 2008, com o filho já adulto, ganhou coragem para fugir. Conta: O meu filho sentia a responsabilidade de cuidar de mim. Eu não posso sair à rua pois preocupa-me o estado em que a vou encontrar, dizia-me ele. Rebecca juntou-se à movimentada estrada tomada por inúmeros emigrantes ilegais e refugiados. Foi detectada por autoridades migratórias perto da fronteira com os Estados Unidos. acabou por obter o estatuto de refugiada, há um ano. a mulher de 40 anos trabalha actualmente como assistente administrativa, sendo esse o seu primeiro emprego.com ajuda do aCNUR, reencontrou-se com o filho. apesar de não esquecer as ameaças do marido, diz sentir-se em segurança. Sou uma sobrevivente. Não fui a uma guerra, mas parece que sim, confessa.