a Europa acaba de ter, pela terceira vez na história, um presidente da Comissão Europeia que renova o mandato
a Europa acaba de ter, pela terceira vez na história, um presidente da Comissão Europeia que renova o mandato a Europa acaba de ter, pela terceira vez na história, um presidente da Comissão Europeia que renova o mandato. Depois do alemão Walter Hallstein (1958-1967) e o francês Jacques Delors (1985-1995) é o português José Manuel Barroso (2004-2014), a 11a personalidade no cargo. Será que a renovação criará um novo impulso na vida das instituições europeias?
a actual fase da União é dominada por dois factos essenciais. O primeiro é o novo quadro global, evidente há alguns anos e agora indesmentível com a crise financeira. O segundo é o intenso alargamento a que a Comunidade se sujeitou, passando de 15 a 27 países em três anos, havendo neste momento mais seis pedidos de adesão, dos quais três admitidos como candidatos (Turquia, Croácia e Macedónia). Estes dois elementos são desafios sérios.
Num mundo em intenso dinamismo global, a Europa arrisca irrelevância ou, pelo menos, menoridade. Os tradicionais problemas com vizinhos próximos, Rússia e Islão, participam hoje de uma estrutura que vai da China aos Estados Unidos da américa. as linhas de desenvolvimento passaram para outras longitudes e a Europa corre atrás de progressos que outros dirigem.
Entretanto a União enveredou por um alargamento que, por sua vez, criou intensos problemas internos de gestão, consenso e coerência. Sinal evidente é a obsessão desde 2001 da busca de uma Constituição. O processo, muito atribulado e agora consubstanciado na ratificação do Tratado de Lisboa, teve efeito contrário ao pretendido, evidenciando a falta de acordo e coesão da Europa a 27.
Pior, as instituições europeias parecem apostadas na vacuidade. Os serviços da Comissão emitem milhares de directivas regulando os detalhes mais ínfimos da vida de 500 milhões de europeus. O Parlamento Europeu, que paulatinamente foi ganhando poderes, continua a ser eleito na apatia dos cidadãos. Por isso é povoado por deputados extremistas e insólitos ou por funcionários reformados ou pontualmente exilados dos partidos maiores. Não admira que a Europa seja crescentemente desinteressante para os cidadãos, sobretudo nos países originais.
Existem graves problemas sociais e económicos nesta zona do mundo, da decadência populacional ao desemprego, passando pela imigração, segurança social, saúde e educação. a Europa está deprimida em vários sentidos da palavra. Mas as instituições comunitárias parecem-lhes alheias, apenas complicando o que já era complexo. Para além do euro e do proverbial subsídio, que se tornaram os símbolos da Europa, a União não consegue apresentar ideias ou projectos que mobilizem os cidadãos. assim, o elemento decisivo nesta fase da União Europeia é pensar a sua própria utilidade. a Comissão precisa urgentemente, não de saber quem é, mas para que serve.