Guerra e a degradação tornaram inviável a linha Inhambane-Inharrime, 100 anos depois do início da sua construção. até que o comboio deixou de passar
Guerra e a degradação tornaram inviável a linha Inhambane-Inharrime, 100 anos depois do início da sua construção. até que o comboio deixou de passarNa pequena localidade do Guiúa, até meados dos anos 80, passava o comboio que ligava Inhambane, capital da terra de boa gente, a Inharrime, que dista cerca de 100 quilómetros para sul. Nos últimos dias, deparei-me com o trabalho de desmantelamento da linha-férrea. Na zona do Guiúa, um grupo de homens arrancava os carris. Informaram-me que o governo decidiu desmantelar toda linha e vender os carris a uma metalurgia da Coreia do Sul. a construção de um caminho-de-ferro que ligasse Inhambane a Inharrime e, depois, se prolongasse até sul de Moçambique, foi um sonho de Mouzinho de albuquerque. Um sonho incompleto já que, depois de deixar o cargo de governador de Moçambique, em 1898, o projecto, tal como ele o concebera, caiu por terra. Porém, alguns anos mais tarde, satisfazendo os anseios da população de Inhambane, reiniciaram-se os estudos de viabilidade do projecto. a execução da obra teve início em 1909, estava no governo geral Freire de andrade. Em apenas quatro anos os trabalhos de construção da via-férrea ficaram concluídos e começaram a circular as primeiras locomotivas. Em seguida foi construída uma ponte-cais na baia de Inhambane, como complemento do caminho-de-ferro, para que as cargas e descargas por meio de barcos fossem encaminhadas para o mais moderno meio de comunicação da altura. a ligação à rede ferroviária do Sul que ligaria Inhambane até à capital nunca se chegou a realizar pelas dificuldades que a natureza opunha e por outros interesses. Todavia, durante décadas o ramal entre Inhambane e Inharrime permitiu a circulação de pessoas e bens entre a capital e o sul da província, encurtando distâncias, ainda hoje difíceis de transpor para a maioria da população. arrojado e inovador, o projecto de então foi durante muitos anos responsável pela importante escola ferroviária de Inhambane. Contribuiu para a formação de várias gerações de ferroviários, gerando emprego e riqueza. Cem anos depois do início da obra, resta apenas o nome e o edifício da estação de Inhambane, cuja elegância e sobriedade se impõem ainda hoje aos nossos olhos.