Não é por caso que Fátima é a cidade de Portugal onde se vendem mais artigos religiosos. a explicação é simples: o peregrino gosta de recordar a sua visita, não esquecendo os familiares e amigos
Não é por caso que Fátima é a cidade de Portugal onde se vendem mais artigos religiosos. a explicação é simples: o peregrino gosta de recordar a sua visita, não esquecendo os familiares e amigosapós a aparição de Nossa Senhora em 1917 e com o avolumar de visitantes à Cova da Iria, começou também o aproveitamento comercial em resultado desses acontecimentos. No princípio vendiam-se estampas, terços, crucifixos e outros objectos de cariz religioso, mas com o decorrer do tempo, os comerciantes que entretanto apareceram ou se instalaram, começaram a vender outros produtos que pouco tinham de religioso, mas que colocando uma imagem de Nossa Senhora eram considerados como tal.
Para além disso, as lojas instaladas tomaram a iniciativa de vender outros artigos, como brinquedos e várias utilidades, já sem a preocupação do religioso, mas sim do lucro mercantil, o que é normal pela evolução do próprio comércio. Fátima tornou-se numa terra de peregrinação importante no aspecto espiritual, mas tal arrastou consigo outros interesses de toda a ordem, quer no que respeita a esses objectos, quer a outros sectores ligados ao comércio, como terrenos para construção, habitações,lojas e todo um conjunto de instalações e serviços.
É um fenómeno normal numa terra que hoje recebe mais de seis milhões de pessoas por ano, mas que deveria ter sido devidamente equacionado e organizado, de molde a evitar um desenvolvimento desordenado, como aquele que se verifica.como resultado desse desleixo administrativo camarário, foi autorizada a abertura de centenas de lojas destinadas à venda de artigos religiosos e o resultado não se fez esperar, agora são em excesso, exigindo dos proprietários ou arrendatários, uma enorme imaginação para sobreviver.
Mas o problema que se põe actualmente é de tipo ético, ou seja, os produtores recorrem a tudo que possa ser novidade e vendável, não olhando a meios para atingir os fins, do lucro, claro. Qualquer loja tem placas, porta-chaves, pulseiras, pratos e tantos outros artigos com o nome próprio, ou para o tio, a tia, o padrinho a prima, a namorada, etc.
Fátima tornou-se num mercado importante para muita gente, há uma forte implantação comercial, mas deixou de haver respeito pelo produto religioso. ainda recentemente tivemos um exemplo escandaloso: uma empresa portuguesa sediada no Sobral – Ourém, fez um terço em plástico encadeado em nylon com a marca de Cristiano Ronaldo (CR7), o tal jogador que ganha milhões. Perdeu-se a noção do religioso – e até do ridículo – para dar lugar apenas ao lucro na produção e venda dos próprios objectos religiosos, o que deveria envergonhar quem o faz.