” a quem havemos de nós ir, Senhor. Tu tens as palavras de vida eterna”, lê-se no texto do evangelho de São João, do XXI Domingo comum
” a quem havemos de nós ir, Senhor. Tu tens as palavras de vida eterna”, lê-se no texto do evangelho de São João, do XXI Domingo comumDepois de entrarem na terra prometida, têm os judeus, de novo, a tentação de abandonarem o Deus seu libertador e de servirem os ídolos. Josué faz diante deles a sua profissão de fé no verdadeiro Deus e proclama a todo o povo: Se não vos agrada servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis seguir… Eu e a minha família serviremos o Senhor (Josué 24,15). E no seu discurso à multidão, Josué recorda os muitos benefícios que de Deus tinham recebido.
a mesma tentação provam os povos dos nossos dias. Povos que em outros tempos viveram em fidelidade ao Deus que os seus antepassados tinham servido. Imensas relíquias dessa fidelidade povoam a nossa terra, já chamada De Santa Maria. Igrejas e capelas de grande arte ou de santa simplicidade; monumentos de extraordinária beleza que só a fé podia conceber e produzir, monumentos que comemoram a presença e a acção do Senhor no meio do seu/nosso povo; nomes de imenso número de pessoas que revelam a fé nesse mesmo Deus que tanto foi nosso e que com tantos benefícios nos regalou. Escritores, pintores, escultores, arquitectos e músicos, gente das altas esferas e gente de encantadora simplicidade pelas veredas da nossa terra.
Não só aqui no nosso bendito torrão natal, como em milhares de outros sítios mundos e mares além, por onde o sonho e a aventura levaram o orgulho pátrio de outros tempos. Proclamem-no os Vieiras e a grande Rainha Isabel, os Gamas e os Cabrais, os antónios e os Britos, Camões e Quental. Cante-o esse escol de princesas de alto estilo humano e espiritual, tais como Sancha, Mafalda e Teresa. Não se cale afonso Henriques nem D. João IV. Profundamente, ele, Deus, habitou e habita neste seu povo. Murmuraram várias vezes os judeus contra o Senhor, serviram-no de todo o coração muitas outras. Crises, sempre as houve, nos longes e nos pertos. E também aqui na nossa terra.como também traidores e grandes heróis.
No evangelho de hoje, ao ouvirem algumas das mais doces e salvadoras palavras e promessas de Cristo, quando Ele se declarou nosso pão, carne e sangue que dá a vida eterna, muitos dos seus discípulos afastaram-se e já não andavam com Ele (João 6,66). Perguntou o Senhor Jesus aos seus apóstolos se também eles queriam pertencer ao número dos vira-casacas e abandoná-lO. Em nome dos outros apóstolos, em nosso nome e em nome de tantos nossos compatriotas, Pedro respondeu: Para quem iremos nós, Senhor? Tu tens as palavras que dão a vida eterna. Vivemos em tempos de verdade.
E também tempos de palavras ocas, ou de palavreado que rejeita a essência do humano. a Igreja, que nós somos, amou-a e ama-a Cristo. Por ela se entregou à morte e por ela ressuscitou para lhe dar a vida e a paz.
Por entre as nuvens do firmamento duma humanidade que cambaleia duma crise para a outra, crises muitas vezes provocadas pela demência e o egoísmo centrados na rejeição do espiritual, raios de luz ultra-humana prometem auroras de tempos melhores. Quando os verdadeiros vivem a fé, como o fazem muitos e muitas, então a esperança cresce, e o amor vai ganhando a luta pela verdadeira vida e a liberdade verdadeira.