Férias são tempo de descanso. Para muitos, significa, também, conhecer outras realidades e ter experiências diferentes de como outros vivem. No Brasil, a pobreza já se transformou numa atracção turí­stica
Férias são tempo de descanso. Para muitos, significa, também, conhecer outras realidades e ter experiências diferentes de como outros vivem. No Brasil, a pobreza já se transformou numa atracção turí­sticaas agências de viagens vendem o exótico para atrair os que procuram experiências inusitadas nas favelas, afirma a socióloga Bianca Freire-Medeiros. Na favela Rocinha, a maior da américa Latina, estudada pela investigadora, o turismo já se realiza há 10 anos e tem-se revelado um empreendimento lucrativo.
Desde 2006, a Rocinha é ponto turístico oficial e figura nos guias sobre o Rio de Janeiro. Só nesta favela, circulam, em média, por mês, 3. 500 turistas, na sua maioria europeus (60 por cento). ali operam quatro agências de turismo que oferecem aos clientes programas de ecoturismo ou turismo cultural.
É o lado alternativo da mais bela e exótica cidade do mundo, afirma a autora do livro Gringo na laje. Os turistas partilham da ideia que a partir da favela, é possível explicar o Brasil, disse à Lusa. E por isso querem visitá-la, num complemento à visita ao Rio de Janeiro.
a socióloga alerta, no entanto, que muitas agências servem-se da fachada de projectos sociais. a maior parte dos turistas acha que vai beneficiar os moradores, o que é uma perspectiva errada, refere a investigadora.
Os moradores acabam por não usufruir, em pé de igualdade dos benefícios (económicos) gerados pelo turismo. Há casos de algumas agências que investem no social, mas é caridade, salienta. apenas poucos lucram com o turismo de pobreza.
a favela da Rocinha, em São Conrado, na zona sul do Rio, é conhecida mundialmente por ser um bairro problemático, perigoso, com armas e tráfico de droga à mistura. ainda assim, as agências prometem aos clientes um contacto seguro com a violência armada.