“Vinde comer do meu pão e beber do vinho que preparei. Deixai a insensatez e vivereis”, lê-se na na primeira leitura, do livro dos Provérbios
“Vinde comer do meu pão e beber do vinho que preparei. Deixai a insensatez e vivereis”, lê-se na na primeira leitura, do livro dos ProvérbiosPraticamente, tudo o que fazemos é para conservar, desenvolver, proteger e recuperar o maior dom que temos: o dom da vida. até já houve gente que se fez congelar no momento da morte com a esperança que, um dia, a ciência seja capaz de voltar a dar a vida aos seus corpos. Profunda é a ânsia do homem em não morrer para sempre, mas de continuar a viver de maneira perfeitamente feliz por tempos sem fim. E louváveis são muitos dos esforços que as várias ciências fazem para melhorar a qualidade de vida nesta terra que o Criador confiou aos seres humanos como habitação. Quão louvável o trabalho feito por tantos homens, mulheres e jovens para que a qualidade da vida melhore, especialmente nas terras mais pobres do mundo!
Uma das necessidades mais importantes para a vida e a sua qualidade é o pão de cada dia. Isto é, a quantidade e a qualidade de alimentação que todos precisamos ter à nossa disposição. De há vários Domingos para cá, a liturgia apresenta-nos o ensinamento e a promessa de Cristo sobre o pão que mata a nossa fome para sempre. Já no antigo Testamento os judeus murmuravam’ contra Deus por falta de pão no deserto, depois de saírem do Egipto. Do mesmo modo, os judeus do tempo de Jesus murmuraram contra Cristo quando ele prometeu dar o seu corpo e o seu sangue como alimento verdadeiro para a vida eterna. Nos nossos tempos, a mesma murmuração’ tem lugar da parte de indivíduos que no passado tinham aceitado a verdade que Cristo é o verdadeiro pão da vida, o pão que dá a vida sem limites. Rodeada de ciências que, cada dia, mais se desenvolvem, continuamente metralhada por informações que, por vezes, não dizem nada ou que depois provam ser vazias de verdade, a fé pura de muitos que se dizem pertencer a Cristo vacila e, como atleta que deixou de exercitar-se, estiola como planta no deserto. Na prática, segue-se assim a atitude dos dois discípulos de Emaús que diziam a um Jesus que não reconheciam: Esperávamos que fosse ele, Jesus, o nosso salvador, mas afinal já lá vão três dias… E nada!
as moedas e as medalhas têm dois lados, às vezes, bastante diferentes. De facto, cresce em várias zonas da terra o número de pessoas que se voltam de novo para Cristo como solução das muitas dificuldades que, às vezes, o avanço técnico apressado provoca na humanidade. Temos todos muito a agradecer ao progresso, mas não podemos esquecer que o progresso tem sempre um preço, muitas vezes bem elevado. Vê-se cada vez mais claramente que com muito ter, pouco ser, se possuímos muitas coisas sem espiritualizar, podemos perder o gosto mesmo pela vida. É mesmo calamitosa a situação de desinteresse pela vida em muitos lugares, onde a fé foi abandonada.
Mas, como aceitar a afirmação de Cristo que diz: Eu sou o pão vivo que desci do Céu… Quem come deste pão viverá eternamente, e o Pão que Eu hei-de dar é a Minha Carne, que Eu darei pela vida do mundo? (Evangelho de São João). Dizia o grande orador Bossuet que esta verdade só se pode compreender de joelhos. Só pela fé podemos compreender e viver estas verdades, nós que acreditamos em milhentas coisas que nos são ditas todos os dias e de tantas maneiras. Sem fé não há ciência, nem se começa a fazer ciência sem ter fé. Poderão os alunos aprender se não acreditam no que diz o professor e/ou no que está nos livros? a fé é um dom, o dom que dá a capacidade de viver plenamente a vida, a fé que conduz direitinho ao amor e coloca a vida no caminho certo da esperança. Um dom recebido, vivido e partilhado. Sem fé, ficamos com muito de nós próprios, um nós’ amiúde mergulhado no egoísmo. a fé alarga o olhar do coração à expansão total do mundo – e da eternidade. a fé que não engana, mas realiza plenamente.