O Santuário de Fátima tem tido uma preocupação constante ao longo das últimas décadas, proteger o recinto de oração para que o peregrino possa dispor das condições adequadas
O Santuário de Fátima tem tido uma preocupação constante ao longo das últimas décadas, proteger o recinto de oração para que o peregrino possa dispor das condições adequadasNesse sentido canalizou grande parte das suas receitas para a compra de espaços envolventes quer ao Santuário, quer de toda a zona dos Valinhos, em nosso entender, correctamente.
Planeou com muitos anos de antecedência uma zona verde de protecção e assim conseguiu evitar os atropelos das construções particulares ou não, criando as infra-estruturas necessárias ao peregrino.
Um trabalho deveras notável, se atendermos ao mau exemplo dado por sucessivas gestões camarárias, onde foi patente a inexistência de um Plano Director Municipal (PDM), o que permitiu aprovações avulsas e desgarradas, onde o interesse dos mais poderosos e influentes ditava lei.
Mas nem tudo é perfeito e quantas vezes no melhor pano cai a nódoa.
Quando a administração do Santuário decidiu avançar com a construção da Igreja da Santíssima Trindade fez a opção do local actual, tendo em vista um desenvolvimento das estruturas religiosas na direcção do Centro Pastoral Paulo VI e da zona dos Valinhos.
Não duvidamos que a forma encontrada foi a melhor que encontraram dentro do espírito religioso, mas olvidaram a componente civil da própria cidade.
a avenida D. José Alves Correia da Silva é o corredor de entrada dentro da própria cidade, poderia ser mesmo um pulmão da cidade, mas nem o mais refinado e elaborado projecto vai retirar a maravilhosa estética que tinha, a Igreja existente será sempre um autêntico muro a dividir a avenida.
É certo que teve a concordância – ou conivência – da Câmara de Ourém, mas isso apenas divide as responsabilidades de uma má gestão urbanística.
Poderão dizer: mas se não fosse o Santuário a cidade de Fátima não era o que é hoje, a isso eu respondo com franqueza, se Nossa Senhora não escolhesse este cantinho da Terra para manifestar a sua mensagem, Fátima não era mais que uma aldeola, tal como muitas outras que existem neste País.
Exactamente por isso é que a cidade tem que ser para todos e é necessário que o seu desenvolvimento seja harmonioso tanto para os residentes, como para os visitantes.
O poder religioso deve respeitar o civil, se quiser que o poder civil respeite o religioso.
Não temos dúvidas que havia outras soluções para implantar a Igreja e desenvolver toda a estrutura segundo os mesmos princípios, assim os responsáveis fizessem uma opção mais sensata.
Não queremos trazer à colação os custos e demais contratempos que esta opção teve, pois para isso teríamos que rebater decisões que foram tomadas sem a devida cautela, tanto no aspecto administrativo como urbanístico.