“Jesus tomou os pães, deu graças e distribui-os aos convivas. E fez o mesmo com os peixes, tanto quanto eles quiseram” (João 6,1-15)
“Jesus tomou os pães, deu graças e distribui-os aos convivas. E fez o mesmo com os peixes, tanto quanto eles quiseram” (João 6,1-15)Vivemos num mundo de abundância e de riqueza, um mundo de fome e de mortes inúteis. Uma Terra dos Homens capaz de produzir actualmente pão para ao menos trinta biliões de seres humanos. Um mundo de sede de igualdade, de diferenças abissais não necessárias. É também um mundo de altruísmo e de caridade verdadeira; de palavras proféticas e de acções que tanto bem fazem a milhões de indivíduos. Centenas de milhões de pessoas não têm acesso a cuidados médicos, especialmente crianças. E biliões e biliões de euro-dólares são gastos, todos os anos, em médicos e psiquiatras de animaizinhos de estimação, preferidos a seres humanos criados à imagem e semelhança de Deus. E há grupos de homens e mulheres e jovens que se organizam para aliviar os fardos da dor e do desprezo, para dar de novo a milhões de anónimos’ a dignidade humana.
No texto do evangelho para o XVII domingo comum, lá estão eles e elas, numa colina da Galileia, os milhares de pessoas que escutaram durante horas a palavra de Jesus de Nazaré. ao cair da tarde, o problema da fome para eles é uma realidade. Jesus sabe o que vai fazer para resolver o problema, mas decide dialogar com Filipe. O diálogo proclama aos chefes das nações que é necessário permanecerem num diálogo não feito por egoísmos e ambições políticas, se se quer que toda a humanidade viva mais desafogadamente. afinal, todos os povos são filhos/as de Deus; e não uns filhos, outros enteados. O diálogo diz-nos também que as dificuldades e as incompreensões não podem continuar a ser resolvidas pela produção de novos engenhos de morte que ameaçam a própria existência da humanidade. Um diálogo produtivo, este de Jesus e Filipe. Mas quanto palavreado, às vezes barato, nos círculos dos que dirigem as nações. Sobre um político de renome, diziam os meios de comunicação social, quando ele se retirou da cena social: Foi um dos nossos maiores políticos: falou sempre, e nunca disse nada. Política e palavreado, monómio’ sem par, vastas vezes. Nem sempre, graças a Deus. E Cristo disse: Pelas obras os conhecereis.
Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos convivas, e fez o mesmo com os peixes, tanto quanto eles quiseram. Dar graças a Deus, criador e senhor de tudo e de todos, o Deus que é Senhor e dá a vida, tanto quanto a humanidade quiser. Dar graças pela alegria de viver. agradecer, palavra mágica que produz a graça no coração de quem tal cumprimento recebe. Dar graças pelos dons sem-fim vindos do alto, que todas as pessoas de boa vontade têm à sua disposição tanto quanto quiserem. Disse Jesus: Recolhei os restos que sobraram (dos pães e dos peixes), para que nada se perca. Já foi, a sociedade de hoje definida como a civilização do desperdício. a mãe-natureza sofre contínuos assaltos mortais na terra, no mar, no ar. até há já peritos dessas coisas que dizem ser já tarde demais para renovar a natureza. Mas também já há muito mais boa vontade, mais consciência da precariedade da situação. Usar bem as coisas é algo que deveria ser ensinado nas nossas escolas primárias, liceus, universidades. Este ensino é mais importante do que o suceder-se de anúncios publicitários que, continuamente, nos convidam à aquisição descontrolada de meios muitas vezes inúteis, se não prejudiciais, para a vida dos indivíduos, das famílias e das nações. afinal, talvez o antigo rifão, produzir e poupar, tenha o seu quê de tino.
Para resolver certos problemas, vários países entre os mais poderosos militar e economicamente unem-se para recorrer a boicotes a produtos nocivos à própria subsistência de povos inteiros. Não quererá isto dizer que estas nações boicotantes sofrem de um complexo de superioridade doentio e perderam a sanidade que é componente essencial da natureza humano-social? Há gente que trabalha de graça e alegria com grupos de idosos, doentes, crianças e necessitados. Gente que vai para o Terceiro Mundo, às dezenas e dezenas de milhares, para aliviar dores, infundir esperança lá longe, e também aqui na nossa terra. Que profícuo seria para todos se acabássemos com a mania de eliminarmos toda a menção da presença de Deus na vida da sociedade, se fizéssemos como a gente da Galileia que gritou, depois de comerem do pão e dos peixes de Cristo: Jesus é, de facto, o profeta que estava para vir ao mundo!. Por todo o bem, o muito bem, que se faz no mundo, que todos vos dêem graças, Senhor! (Salmo 144,10).