Em tempos de crise, o apoio dado aos países mais pobres vai diminuindo. Em África, as paragens nos tratamentos para a Sida podem ter consequências graví­ssimas
Em tempos de crise, o apoio dado aos países mais pobres vai diminuindo. Em África, as paragens nos tratamentos para a Sida podem ter consequências graví­ssimasIrregularidades no financiamento de tratamentos para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) colocam em risco a vida de milhares de pessoas. Trata-se de umalertados Médicos Sem Fronteira, que participam na 5a Conferência Internacionalda Sida, na África doSul. a população pobre, não conseguindo suportar os custos elevados dos medicamentos, acaba por abandonar ou interromper a medicação. a situação agrava-se: os doentes acabam por desenvolver maiores resistências, remetendo ao fracasso os tratamentos iniciados. Nos casos mais graves, é a morte que os espera. Seis países africanos estão seriamente afectados, sendo que 7 milhões de portadores do vírus não têm acesso a anti-retrovirais. a organização Médicos Sem Fronteira (MSF) tenta colmatar as falhas, porém, admite não conseguir atender todas as necessidades.
as interrupções nos tratamentos devem-se ao desrespeito dos governos doadores, em relação aos compromissos assumidos, mas também aos governos dos países afectados pelo flagelo. Eles estão a brincar com fogo. a falta de anti-retrovirais significa a falta de tratamento para HIV/Sida. Governos e doadores devem responder às questões de financiamento e suprimento de maneira urgente e eficiente, assegura Meinie Nicolai, director de operações da organização.
Os Médicos Sem Fronteira aconselham os países afectados a tomarem medidas para possibilitar a continuidade dos tratamentos às pessoas afectadas. Para que os portadores do vírus possam assegurar os custos, terão dese emitir licenças para a fabricação de genéricos para o HIV/Sida. Desta forma, os doentes dos países em desenvolvimento terão acesso aos medicamentos, a um preço acessível. É uma questão de escolha para os governos nacionais e doadores: eles vão dar às pessoas pobres alguns anos a mais de vida ou a mesma hipótese que têm os pacientes que vivem com esta doença, nos países ricos, considera Tido Schoen-angerer, outro director dos MSF.