Com a execução da Igreja da Santíssima Trindade e o espaço envolvente, abriu-se um campo de discussão que não é novo: a escultura religiosa deverá ser perfeita no sentido de apelar ao Divino ou não?
Com a execução da Igreja da Santíssima Trindade e o espaço envolvente, abriu-se um campo de discussão que não é novo: a escultura religiosa deverá ser perfeita no sentido de apelar ao Divino ou não? a escultura religiosa poderá ser interpretativa (por parte do autor ou mesmo da comunidade) e ter perfeição simultaneamente? Estamos em crer que sim, e é nesse sentido que devemos trabalhar com paciência.
Contudo, é importante atender a outros factores, por exemplo aos locais onde essas obras são expostas. No caso de Fátima, também devemos atender à cultura artística e religiosa que a maioria dos fiéis que a visitam têm ou não.
Grande parte dos católicos mantêm um espírito que poderemos apelidar de conservador, mas que não deve ser encarado pejorativamente. No aspecto das obras artísticas, muitos não tem a cultura avançada de mestres e clérigos, não possuem uma sensibilidade apurada, como quem teve oportunidade de estudar e criar um espírito artístico refinado. Daí advém a necessidade de haver bom senso quanto à escolha das esculturas a colocar em locais ou recintos sagrados.
Este apontamento vem a propósito da nova Cruz alta (crucifixo) da autoria de Robert Schad (alemanha) e que não passa despercebida, até pelas suas dimensões, mas que não inspira qualquer devoção a muitos visitantes – o mesmo acontece em relação ao Cristo que está no interior da na nova Igreja que é da autoria de Catherine Green (Irlanda). Tivemos oportunidade (diversas vezes) de ouvir comentários de alguns peregrinos em nada abonatórios àquela cruz, alguns revelando mesmo algum escândalo.
Recordo-me de uma frase proferida por um visitante o Cristo parece um macaco .como é evidente, aquele sujeito não teria qualquer sensibilidade artística, mas estava a expressar uma opinião que teremos que respeitar. Outros são mais comedidos na apreciação, mas não deixam de reprovar.
É aqui que entra a responsabilidade de quem tem de aprovar e mandar colocar uma obra como esta em recintos públicos. Possivelmente, uma cruz singela naquele lugar teria efeitos mais positivos que esta peça, apesar de não estar em causa a qualidade da mesma e concepção artística do autor.
Que a opinião que expressamos não seja entendida como contrária à obra do artista, mas sim ao fim a que se destina. Se uma obra religiosa puder constituir motivo de desagrado profundo dos cristãos, a sensibilidade artística dos responsáveis terá que procurar alternativas e evitar o escândalo.
Nestes casos, aqueles que são detentores dessa faculdade não tem o direito de impor a sua vontade aos outros, mas respeitá-los enquanto irmãos em Cristo, mesmo que estes sejam menos sensíveis.