” a fidelidade e o amor vão encontrar-se, vão beijar-se a paz e a justiça”, proclama o salmo 85 na liturgia da missa do Domingo XV do tempo comum
” a fidelidade e o amor vão encontrar-se, vão beijar-se a paz e a justiça”, proclama o salmo 85 na liturgia da missa do Domingo XV do tempo comumDiz-nos o evangelho: Naquele tempo, Jesus chamou a si os doze apóstolos e começou a mandá-los em missão dois a dois (Marcos 6,7). Chamou-os Cristo, preparou-os e, depois, enviou-os dois a dois a pregar a Boa Nova. Todos nós, homens, mulheres e crianças, fomos escolhidos, e todos nós somos enviados por Deus para fazermos um trabalho em prol da humanidade. O Deus Trinitário não pode aceitar egoísmos: todos temos de amar os outros com a prática das boas obras e da palavra consoladora. Não há excepções a este mandamento de Deus. Nenhum membro da humanidade é isento: chefes da sociedade, dirigentes de grupos, membros de famílias, indivíduos. Todos!
Na primeira leitura temos um enviado de Deus, alguém que o Senhor consagrou para ir entregar ao seu povo uma mensagem de bondade e justiça: o profeta amós. a segunda leitura diz-nos que todos recebemos bênçãos de sabedoria e inteligência, dons que devemos usar para melhorar a situação do próximo: Cada um ponha ao serviço dos outros o dom que recebeu (1 Pedro 4,10).
É interessante ver como Cristo não só enviou os apóstolos. Deu-lhes um programa de trabalho. Programar a própria vida, incluindo naturalmente o aspecto espiritual, é algo de muito importante. Poderíamos trabalhar com um computador que não tem programas? ao enviar os seus apóstolos, Cristo deu-lhes um programa simples e claro:
♦ Enviou-os dois a dois: o trabalho que eles devem fazer é um trabalho de comunidade e para a comunidade, não um projecto individualista.
♦ Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros: o poder de eliminar, pela palavra e pelo exemplo, as impurezas, as falsidades, as injustiças, as desigualdades sociais, os egoísmos, numa palavra, tudo o que desfigura a comunidade.
♦ Ordenou-lhes que levassem consigo só um cajado. É fácil desejar acumular riquezas, mesmo enormes, em prejuízo dos outros, mesmo dos mais pobres. Tanta gente honesta a trabalhar para darem uma vida decente à sua família e outros a ganharem quantias ingentes de dinheiro que de forma nenhuma merecem, com a conivência dos dirigentes das nações.
♦ Não levarem duas túnicas: o que nos ensina a necessidade de partilhar com os menos avantajados. Negar-se a ajudar os necessitados quando tal se pode fazer, merece castigo natural. (aliás, quanto mais se tem, menos se é. )
♦ Os apóstolos pregaram que era preciso cada um arrepender-se. arrependimento de todos os males e pecados, tanto dos indivíduos como dos grupos, das nações, dos povos… Nenhuma nação pode possuir riquezas enormes quando outras vivem na pobreza: os bens foram criados por Deus para toda a humanidade e não só para certos grupos ou raças que, malignamente, se aproveitam da impotência ou fraqueza dos outros.
♦ Os apóstolos expulsavam os demónios. Espertalhão que ele é, o demónio encobre a sua existência a muita gente. Mas a palavra de Cristo é bem clara: pelas suas acções os conhecereis. O demónio trabalha de muitas maneiras, como as muitas formas de discriminação, de injustiça, de mentira.
♦ Os apóstolos ungiam com óleo numerosos doentes e curavam-nos. Quantas pessoas tratam inúmeras formas de doenças nos hospitais, centros para idosos, centros de reforma de abusos como as drogas ou o álcool, cura de enfermidades psicológicas! Gente que tem o coração cheio do desejo de bem-fazer, indivíduos que compreendem e praticam a regra do Espírito Santo que diz que os dons de Deus são para o bem da comunidade (1 Cor 14,12). Gente que o Senhor enviou, como enviou os seus apóstolos. Gente que escuta o murmúrio do Espírito no seu coração e na sua vida, tal como fazia a Virgem Maria de Nazaré. Gente que trabalha para um mundo melhor.