Uma luta pela dignidade da pessoa
Uma luta pela dignidade da pessoaNa recente visita a África, o Papa foi confrontado por um jornalista com a seguinte afirmação: Santidade, entre os muitos males que atormentam a África, existe também e sobretudo o da difusão da SIDa. a posição da Igreja católica sobre o modo de lutar contra ela é com frequência considerado irrealista e ineficaz.
Bento XVI depois de contestar a afirmação, lembrou o papel das instituições da Igreja Católica, dando como exemplo – entre outros – a Comunidade de Santo Egídio e os Camilianos, acrescentando Diria que não se pode superar este problema da SID a só com dinheiro, mesmo se necessário; mas, se não há a alma, se os africanos não ajudam (assumindo a responsabilidade pessoal), não se pode superá-lo com a distribuição de preservativos: ao contrário, aumentam o problema. a solução pode vir apenas da conjugação de dois factores: o primeiro, uma humanização da sexualidade, isto é, uma renovação espiritual e humana que inclua um novo modo de comportar-se um com o outro; o segundo, uma verdadeira amizade também e sobretudo pelas pessoas que sofrem.
a opinião do Papa analisada sob o aspecto científico está correcta, segundo Edward C. Green, do Centro de Estudos sobre População e Desenvolvimento de Harvard.
Este cientista afirmou: Existe um paralelo consistente que mostram os nossos estudos entre uma maior disponibilidade e uso de preservativos e uma maior – não menor – incidência de infecções pelo vírus HIV.
Isto pode dar-se devido ao fenómeno conhecido por compensação de risco, significando que quando a população utiliza uma tecnologia de redução de risco, como o preservativo, muitas vezes essa mesma população perde o benefício da redução desse risco, ao compensar, arriscando-se mais do que faria sem essa tecnologia.
Possivelmente, foi segundo esta perspectiva que o Bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, lembrou que O Papa, quando fala da SID a ou de outros aspectos da vida humana, não pode fazer doutrina para situações individuais e casos concretos.
Este aspecto do uso ou não do preservativo é do foro individual e entra noutras esferas da dimensão do ser humano, sendo inserido num valor a preservar: a vida de cada um.
a própria ciência tem posições contraditórias em relação a este assunto.
E, como em tudo, tem que haver excepções, sem ferir os princípios. Penso ser essa a conclusão do Bispo de Viseu, pois explicou que quando uma pessoa infectada não prescinde das relações e induz o parceiro à relação, há a obrigação moral de se prevenir e de não provocar a doença na outra pessoa. aqui, o preservativo não somente é aconselhável, como poderá ser eticamente obrigatório, mas acrescentando: E não tenhamos medo ou reserva mental ou hipocrisia de admitir esta doutrina!
Claro que estamos a falar de casos específicos e não gerais, pois não podemos banalizar o uso normal e indiscriminado do preservativo, é fácil subentender-se.
a SID a ou outras doenças que atingem a humanidade, são problemas sérios e como tal devem ser aferidos, sendo necessário a procura de soluções que garantam a qualidade da vida humana.
a sociedade actual e o mundo enfrentam desafios graves, é preciso que todos tenhamos a coragem de os enfrentar, mas tendo como princípio o amor pela vida que foi dádiva do Criador.