“Uma vez elevado da terra, atrairei todos a Mim!” (Jesus Cristo)
“Uma vez elevado da terra, atrairei todos a Mim!” (Jesus Cristo) a maior paixão do ser humano é a de viver, viver sempre mais, e chegar a uma realização perfeita das suas qualidades e aspirações. Os melhores meios inventados pela ciência são usados para alongar o mais e melhor possível a medida da vida sobre a terra. alguns, antes de morrerem, pagam mesmo avultadas quantias de dinheiro para serem congelados imediatamente depois da morte, com a esperança que futuros meios Círculo os façam voltar à vida terrena. Para muitos, a morte significa a destruição total do ser, a maior humilhação imaginável. E todos sabemos que a morte se aproxima de nós cada vez que respiramos, ela e o seu trem de sofrimentos e tristezas, abandonos mesmo às vezes da partes dos nossos amigos. Diante de tais verdades, há quem decida viver o desespero, outros preferem fumar alegremente o cigarrilho da vida até à última baforada.
a atitude do cristão diante da morte, mesmo se esta nunca chegará a ser um anseio nem um desejo, é que a morte é um voltar à nossa origem primordial. Usando a terminologia de Jesus Cristo na Última Ceia, a morte é voltar a Deus. Dizia ele aos apóstolos: Eu estava com o Pai, e vim para o mundo. agora deixo o mundo e volto para o Pai (Jo 16:28). Também nós fomos concebidos no amor de Deus nosso Pai antes de sermos concebidos no seio da nossa mãe. E a um dado momento deixaremos o mundo para voltarmos a esse amor que é Deus e que Deus sempre teve por nós.
Como para Cristo, a morte para nós não é um torrão de açucar: o instinto de conservação é um dom de Deus. Mas como para Cristo, também a nossa vida é um grão de trigo que deve ser enterrado em morte, e só depois se desenvolverá e há-de produzir para nós um fruto imenso, o fruto da vida sem fim, a vida eterna (cf. o evangelho de hoje, João 12:24). Sim, é verdade, não são estas verdades que se experimentam sem a fé, sem a aceitação da palavra de Deus, porque Deus é Sabedoria e Bondade infinitas, e não pode enganar-se nem enganar-nos. E esta aceitação da promessa de Deus em Jesus Cristo tem de se tornar medida de tudo o que é e experimenta a nossa vida aqui na terra. Cristo é a Luz de Deus, a explicação de Deus e da sua vontade para cada um de nós, a Luz que enche de brilho esfusiante a vida dos que O aceitam como Mestre e Salvador.
Sem mistério, tudo na vida se torna banal, digerido, déjà vu, sem esperança de desenvolvimento, de contemplação extática. acreditar é viver ao máximo, como a vida dos esposos que acreditam profundamente no amor dum para com o outro, que se amam mais hoje do que ontem, e mais amanhã do que hoje’. Porque amar é viver, e para viver é preciso amar. ama et fac quod vis, dizia S. agostinho, ama e faz o que queres, ama e tudo em ti será vida. a morte é um mistério, é o mistério que produz a verdadeira vida. E então a ideia da morte torna-se em nós fonte de energia, de poder vital. Quem ama a sua própria vida, como diz Cristo no evangelho de hoje, perdê-la-á. E quem detesta a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna (Jo 12:25).
Mesmo a espada de dor de Maria de Nazaré se transformou em fonte de vida, porque tudo na vida de Maria exalava amor. amor e vida formam uma unidade, a unidade, a única unidade que rege a própria eternidade. E com o amor, diz Cristo, onde eu estiver, aí estará também todo aquele que me serve — para sempre! (João 12:26).