Secretário-geral da CGTP e director da Faculdade de Teologia da Universidade Católica do Porto discutem “Segurança Social como exigência para uma sociedade mais justa e solidária”
Secretário-geral da CGTP e director da Faculdade de Teologia da Universidade Católica do Porto discutem “Segurança Social como exigência para uma sociedade mais justa e solidária”Carvalho da Silva, na perspectiva sindical, e o padre Jorge Cunha, à luz da doutrina social da Igreja defenderam o sistema de segurança social público, refere a agência Lusa. ambos apelaram à procura de novos caminhos e à inovação, na passada sexta-feira, 6 de Março, na Biblioteca Municipal de Torres Novas. Promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Cristãos da diocese de Santarém, o debate contou com as parcerias da acção Católica Rural e do Fórum abel Varzim.
Segundo o secretário-geral da Central Sindical, Carvalho da Silva, há caminhos novos a serem questionados e pistas a abrir-se para encontrar soluções, que garantam a sustentabilidade da Segurança Social. Não pode ser, é que este sistema que, em nome do aumento da esperança de vida, que é inquestionável e um ganho de toda a sociedade, incida apenas nos trabalhadores, penalizando as reformas, indicou.
Carvalho da Silva criticou o relatório da OCDE que afirma que, em 2030, a reforma dos portugueses corresponderá a pouco mais de metade do último salário. Segundo o secretário-geral, o relatório parte de uma afirmação que não é verdadeira: que os trabalhadores portugueses vão hoje para a reforma com um valor equiparado a 90 por cento do último salário, quando, na realidade esse valor se situa entre os 72 e os 75 por cento.
a riqueza existe. É preciso ver onde se forma e encontrar caminhos alternativos. Tem-se questionado se a taxa [sobre a riqueza] deve ser identificada no trabalhador, em função do salário, ou no valor acrescentado bruto, porque empresas com 50 trabalhadores e com alta tecnologia são capazes de produzir riqueza muito maior do que empresas com 600 trabalhadores, que têm um valor social acrescentado ao dar mais emprego, afirmou. É preciso procurar caminhos novos.
Jorge Cunha afirmou que há muita inovação a fazer, tanto ao nível da ciência económica como ao nível social. Os nossos antepassados fizeram a segurança social num tempo em que a produtividade era muito menor e a crise de que se fala tem na sua base factores que levaram ao desenvolvimento, nomeadamente a utilização de recursos futuros para melhorar o presente, disse. Para Jorge Cunha, só a moralização do trabalho a nível global nos pode livrar da esperteza do capitalismo. Defendeu que só a emancipação dos trabalhadores indianos e chineses pode ajudar a combater a deslocalização.