Que bom seria voltarmos aos tempos de criança, não é verdade? Não se trata de saudade, mas sim de recuperar algo que perdemos
Que bom seria voltarmos aos tempos de criança, não é verdade? Não se trata de saudade, mas sim de recuperar algo que perdemosNós, adultos, temos uma certa propensão para a saudade, sobretudo dos tempos que vivemos de infância e isso tem razão de ser. À medida que crescemos vamos adquirindo novos valores que se coadunam mais à realidade, mas em contrapartida, perdemos outros que mais tarde constituem apenas uma recordação.
a primeira coisa que perdemos é a inocência, nunca mais a vida nos voltará a permitir encarar as coisas da mesma forma, sem o cunho da subtileza, ou até da maldade, que infelizmente acompanham a nossa vivência quotidiana.
Contudo, aqueles valores que nossos pais e educadores nos incutiram ainda permanecem no íntimo e quantas vezes gostaríamos de voltar a ser crianças para poder sentir o prazer de brincar, rir, fazer de conta, e tantas outras traquinices próprias da idade.
Claro que não poderemos voltar a ser crianças na verdadeira acepção da palavra, mas há uma coisa que poderá constituir uma realidade de vida: encarar-mos o nosso dia a dia – na maior parte dos casos, cheio de dificuldades – com a mesma serenidade e pureza de uma criança.
Poderemos assim voltar a sorrir e a brincar, respeitando o outro, mas tendo uma postura de desprendimento total do azedume que nos crispa pelo mal que nos rodeia.
Francisco e Jacinta eram crianças como todas as outras, com virtudes e defeitos também, mas quando receberam da Mãe do Céu a incumbência divina da sua mensagem, mudaram as sensibilidades de vida.
Lúcia, disse nas suas memórias em relação à Jacinta: Não lhe vi nunca aquela demasiada leviandade ou entusiasmo próprio das crianças, pelos enfeites e brincadeiras, acrescentando: isto, depois das aparições, que, antes, era o número um de entusiasmo e capricho.
Mas quando se referiu ao Francisco, afirmou: Francisco era um pouco diferente, sempre a sorrir, sempre amável e condescendente, brincava com todas as crianças indistintamente.
Lembrou ainda o comentário de pessoas que o visitavam: É um mistério que a gente não entende. São crianças como as outras, não nos dizem nada, e junto delas sente-se um não sei quê diferente das demais.
Qual o segredo, ou lição de vida, que estas duas crianças – ontem comemoramos a sua Beatificação que ocorreu em 13 de Maio de 2000 – nos podem dar?
Basta seguir o nosso instinto, viver a vida com seriedade, amor pelo próximo e sobretudo pensar naquela frase de Jesus: Deixai vir a mim as crianças, porque delas é o reino dos Céus (Mat 19, 13-15).