Missionários da Consolata levam “retratos da sabedoria” de povos da Colômbia, Brasil e Moçambique ao fórum, “como garantia de sobrevivência do planeta e da humanidade”
Missionários da Consolata levam “retratos da sabedoria” de povos da Colômbia, Brasil e Moçambique ao fórum, “como garantia de sobrevivência do planeta e da humanidade”
ainda não encontrei nada neste fórum que não esteja enunciado neste livro, Biosofia e Bioesfera Xirima, afirmou José Frizzi a mais de meia centena de participantes no painel que os Missionários da Consolata promoveram no fórum. Há 38 anos em Maúa, Niassa, Moçambique o missionário apresentou diversos volumes sobre costumes, cultura e religião do povo makua.
José Frizzi sublinhou a importância do conhecimento da língua e interrogou: Com quem está a dialogar quem transmite a cultura numa língua estrangeira?. Para acrescentar: É necessário transmiti-la na língua materna. O missionário criou o Centro de Cultura Makua, começando pelo estudo aprofundado da língua xirima. Sente-se a necessidade de democratizar a palavra, em vista de um futuro eco e eticamente mais consistente.
Os dois termos escolhidos para título da obra que apresentou: biosofia e biosesfera, sublinham o valor cardeal da vida na etnia makua, uma das poucas tribos em que predomina o maternalismo. O mito central da cultura makua ensina que tudo vem do útero materno de Deus, explicou o missionário.
Em seguida o missionário mostrou como o makua aponta critérios de diálogo cultural, para valorizar a alteridade. E explicou com o exemplo do camaleão, como paradigma da alteridade. Este animal tem uma simbologia diferente da nossa na cultura makua. E explicou: O camaleão sai de casa lenta e cautamente para a descoberta do outro. Em seguida vira os olhos em todas as direcções para conhecer o mundo. Precisa de espaço.
Pouco a pouco o camaleão muda de cor e assume a cor do ambiente que o rodeia. E explica: adapta-se ao ambiente, mas garante a sua identidade. E continuou a apresentar a lição que a cultura consegue colher da maneira de estar deste pequeno animal. a terminar reproduziu algumas perguntas que a cultura makua faz, tendo sempre a água como resposta. a verdadeira riqueza de Deus é a água.
O painel debateu ainda a cultura e vida dos povos da Raposa Serra do Sol, de Roraima, Brasil, assim como o povo Nasa da Colômbia. Tratou-se de um painel muito concorrido, numa sala da Universidade Federal, e que suscitou muito interesse na assembleia, composta por ouvintes de várias idades e proveniências.