Faço estas reflexões a 18 de Janeiro. Embora sendo domingo, não foi me possível celebrar em Mitukwe, Cuamba, no sul do Niassa. Mas o meu pensamento estava lá a contemplar as pinturas do velho templo
Faço estas reflexões a 18 de Janeiro. Embora sendo domingo, não foi me possível celebrar em Mitukwe, Cuamba, no sul do Niassa. Mas o meu pensamento estava lá a contemplar as pinturas do velho temploLogo ao entrar pela nave esquerda, está bem patente o quadro da sagrada família, casa, escola e trabalho. O primeiro Livro de assentos de Matrimónio apresenta-se com a elegância da caligrafia dos missionários da Consolata: Luís Bósio, primeiro pároco e Mário Casanova, seu coadjutor.
O primeiro casamento foi a 22 de Junho de 1941, tendo-se celebrado seis nesse ano. Realizaram-se três em 1942, cinco em 1943, treze em 1944 e dez em 1945. a maior parte dos noivos eram jovens de 18 a 25 anos de idade. Este livro está danificado pelo muchém (térmitas). Felizmente o conteúdo foi transcrito para outro livro. Fotografei todas as páginas, para uma eventual confrontação.
São várias as perguntas que me vêm à mente sobre estes matrimónios. Terão sido atacados e danificados pelos males dos tempos que correm? Quase todos eram jovens. Porque se apregoa tanto que o matrimónio tem estabilidade quando os noivos já tiverem filhos antes do casamento?
as minhas indagações não foram muito longe. Mas quero ir mais além. Quero saber se há casais ainda em vida, viúvas ou viúvos. Valerá bem a pena fazer uma assembleia destes anciãos, para partilharem alegrias, sofrimentos e esperanças. Recordo experiências destas em outras paróquias. Houve comoção para eles, que transmitiram à gente jovem.
Entre estes casais já conheço, pelo menos um, que ainda se rege bem.completou 66 anos de matrimónio a 6 de Janeiro. Na mesma igreja de Mitukwe, na capela-mor, as pinturas referentes a José (justus ut palma florebit- o justo florescerá como a palmeira) e a Maria ( sicut lilium – como o lírio), merecem uma referência a seu tempo.