São pessoas como nós que perderam a sua estabilidade de vida, mas têm de continuar a sobreviver e a cumprir obrigações assumidas
São pessoas como nós que perderam a sua estabilidade de vida, mas têm de continuar a sobreviver e a cumprir obrigações assumidas a nova pobreza envergonhada é algo que nos devia deixar envergonhados a nós, cristãos, mas se tal não acontece, algo não está correcto connosco, e por isso é nosso dever reflectir sobre ela e de alguma forma, dar contributo para a minorar.
Não estou a escrever isto fazendo retórica, não, eu sei pela experiência adquirida o que é e portanto sinto-me à vontade para entabular esta conversa com cada um de vós que me lê neste momento.
Vou procurar transmitir-vos a extensão e gravidade deste problema que atinge a nossa sociedade e é uma forma de, também eu, relembrar o meu dever enquanto cristão, sentindo-me feliz por ter esta oportunidade para o fazer.
Estamos a falar de pessoas como nós, que têm família constituída ou já desfeita, que tinham uma vida estável, com carro, casa, telemóvel, um emprego; homens ou mulheres, com idades entre os 30/40 anos, grande parte com cursos superiores que, de um momento para o outro, perderam a sustentabilidade de um emprego ou empresas que geriam caindo no declive da miséria humana mais atroz: a fome.
Porque não têm emprego ou outro meio para fazer face aos compromissos, cortam no mais básico ao ser humano: o alimento diário.
Muitos tem filhos e/ou outros dependentes e é para eles que canalizam o pouco que auferem, quando o conseguem; perderam quase tudo, mas mantêm a dignidade.
São pessoas que não dão a cara, têm vergonha de expor a situação aflitiva que vivem e muito menos perante aqueles que conhecem, propiciando já uma pobreza espiritual muito íntima. Estes novos pobres só procuram ajuda quando já estão desesperados.
Nesta ocasião há quem peça comida, mas também ajuda para pagar a prestação da casa, a renda, água, luz, medicamentos, etc.
Já há quem trabalhe como outrora: fazem horas e recebem em troca alimentos como: massa, arroz, azeite e outros produtos de primeira necessidade.
O seu número começa a ser assustador em Portugal, sobretudo dentro das cidades de Lisboa e Porto, nos subúrbios daquelas, e agora já há focos de situações idênticas por todo o país. Calcula-se em 300 mil almas apenas nas cidades e arredores mencionadas.
Esta situação verifica-se há cerca de uma década, tem aumentado diariamente e não sabemos como irá acabar, tendo em conta a situação do país.
Há organizações e entidades a trabalhar para minorar este flagelo: Misericórdias, Banco alimentar, Cáritas, paróquias, juntas de freguesia, organizações não governamentais, instituições de solidariedade social e outras atentas a esta situação. Contudo, são insuficientes perante o crescente número de pessoas necessitadas.
a pobreza em Portugal é, segundo os últimos números do Instituto Nacional de Estatística (INE), de dois milhões de pessoas (rendimentos abaixo de 360 Euros mensais). É uma crise económica que vivemos que em breve se poderá assumir como crise alimentar.
Fernando Nobre da assistência Médica Internacional (aMI) diz: o combate à fome, à pobreza e à exclusão tem de ser um desígnio nacional.
Perante esta situação, eu pergunto: que estás tu a fazer pelos teus irmãos pobres?