Há dezenas de idosos que continuam internados nos hospitais, mesmo depois de terem alta médica
Há dezenas de idosos que continuam internados nos hospitais, mesmo depois de terem alta médicaas famílias alegam falta de condições para os receber e nos estabelecimentos públicos não há vagas. Em Lisboa, está uma senhora numa cama de hospital desde Julho. E que só neste mês de Janeiro deverá ter resposta para uma vaga na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).
Numa ronda por alguns centros hospitalares do país, a agência Lusa encontrou mais de 30 histórias de utentes que permaneciam internados apesar de já terem tido alta clínica. Quando recuperaram, algumas famílias negaram-se a levá-los para casa, desligando telemóveis e dando moradas falsas para não serem contactadas.
Há quem mantenha uma ligação com o paciente, o visite e se preocupe com ele, mas dizem não ter condições para cuidar deles em casa. Os idosos são como os meninos dos infantários, precisam de cuidados permanentes, lembrou ana Paula GonçAlves, presidente do Conselho de administração do Hospital de Faro. Resultado: O drama das famílias é enorme.
Para muitas famílias, a única solução que encontram é arranjar vaga na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI). ana Paula GonçAlves acredita que a Rede de Cuidados Continuados vai dar resposta, apesar de ainda só existem três mil camas num país que identificou serem precisas 19 mil.
Este não é só um problema dos desfavorecidos: Na classe média também acontece. Não é só por falta de recursos financeiros que se recusam a ficar com o familiar idoso. São pessoas mais egoístas, menos solidárias, explica Manuel Delgado, presidente do Conselho de administração do Hospital Curry Cabral.
Há 17 idosos com alta a viver no Centro Hospitalar de Lisboa Central e outros cinco no Centro Hospitalar do Barlavento algarvio. Nos hospitais de São João (Porto), Faro e Garcia de Orta (almada) os responsáveis não avançaram números, mas confirmaram a existência de casos semelhantes, refere a Lusa.