Espera-se que o campeonato mundial de futebol, em Junho-Julho de 2010, na África do Sul, possa fomentar a unidade e identidade nacionais. Os benefí­cios de projecção mundial não serão visíveis de imediato
Espera-se que o campeonato mundial de futebol, em Junho-Julho de 2010, na África do Sul, possa fomentar a unidade e identidade nacionais. Os benefí­cios de projecção mundial não serão visíveis de imediatoÉ a primeira vez que o torneio se vai realizar em África. É sinal de boa vontade da comunidade internacional não só em dar o benefício da dúvida à África em geral, mas em reconhecer o progresso feito e sobretudo o desejo de progredir para o futuro.
O desafio para o prestígio nacional e continental é a capacidade de colocar no terreno uma organização à altura do acontecimento que não desaponte a FIF a nem o mundo que vai olhar atentamente. Os 8,5 biliões de rands que se estão a investir na construção e renovação de estádios parecem exagerados quando as necessidades básicas da população são tantas, mas é o aproveitamento subsequente das infra-estruturas que preocupa.
Seria bom que efectivamente os estádios viessem a ser uma mais valia para o desporto local e a sociedade em geral. Parte do problema é que a distribuição dos clubes não é uniforme: concentra-se na zona central, o Gauteng (Pretoria e Joanesburgo), Cidade do Cabo e Durban. Ligeiramente fora do circuito desportivo está Nelspruit, a capital de Mpumalanga. Não tem nenhuma equipa a militar na primeira divisão e a construção do novo estádio de Mbombela arrisca-se a ser um elefante branco. Ou talvez não! Pode ser que esta construção moderna galvanize as forças locais a finalmente lançarem uma equipa à escala nacional. Seria bom haver uma descentralização também no desporto e o aproveitamento do vasto talento entre os jovens africanos.
De facto o que tem faltado no futebol sul-africano é a organização a tapete semelhante à que existe no rugby e no cricket. No passado ambas eram quase apanágio dos brancos. Ultimamente o governo tem insistido em quotas para tornar a equipa principal mais representativa a nível demográfico. a excelente organização a nível interno e também a reduzida divulgação destas modalidades a nível mundial, tem permitido à África do Sul obter resultados muito bons em competições internacionais.
Espera-se agora que o futebol, qual membro pobre do desporto sul-africano, aglutine à sua volta toda a sociedade e que projecte um país mais unido e coeso a nível de desportistas, patrocinadores e sociedade em geral. Certamente que, neste momento, a equipa necessita de todo o apoio: o talento que sem dúvida existe, não foi seguido e cultivado e de consequência o prognóstico é reservado quanto às vitórias.