Em Moçambique o Natal é calor e ausência completa de folclore. a falta de símbolos exteriores pode fazer crer erradamente que é menos visí­vel. é no silêncio que Deus nos fala
Em Moçambique o Natal é calor e ausência completa de folclore. a falta de símbolos exteriores pode fazer crer erradamente que é menos visí­vel. é no silêncio que Deus nos falaChegam-me ecos do Natal que se aproxima, em Portugal. Um Natal cada vez mais simbolizado por multidões de Pais Natal, onde florestas de árvores de Natal escondem a cabana e o presépio. Um Natal marcado pelas luzes, pela pressa, pelas compras, pelo frenesim habitual da data. Dizem-me que depressa tudo se aquieta e, num ápice, abrem-se os presentes e ficamos com a sensação que tudo acaba. Embrulha-se o nascimento do Menino Jesus em luzes, papéis e laços dos presentes. E continua a reflexão: o segredo é manter a calma, escapar à voragem e encontrar o equilíbrio. Inevitavelmente invadem-me os contrastes com este continente onde moro. Em Moçambique o Natal é calor e ausência completa do folclore exterior com o qual se substitui a Incarnação de Cristo pelo consumo desenfreado. aqui, para cristãos e não cristãos a festa do Natal é sinónimo de festa da família. O governo da Frelimo manteve este feriado depois da independência, mas esvaziou-o de qualquer significado religioso. a ausência de símbolos exteriores nestas paragens pode fazer parecer que o Natal é menos visível. Penso que não. É no silêncio que Deus nos fala, na pobreza, na simplicidade e no milagre diário que nos é dado participar cada vez que connosco se cruza um homem de boa vontade. Mesmo se a sociedade em que se vive é de consumo, podemos aceitar o que de bom ela nos traz e transformar o que é menos bom. O segredo é descobrir, entre todos os brilhos, a estrela guia, porventura menos vistosa, mas que entre todos os artifícios nos desvenda a simplicidade de um Deus que se fez pobre e pequenino para nascer dentro de cada um de nós. Estes são os nossos votos para todos. Um Santo Natal.