Conheço o território do Guiúa palmo a palmo. Subindo e descendo dunas, estou a concluir a visita às 950 famílias católicas que constituem a cristandade do Guí­ua, dispersas por 12 aldeias
Conheço o território do Guiúa palmo a palmo. Subindo e descendo dunas, estou a concluir a visita às 950 famílias católicas que constituem a cristandade do Guí­ua, dispersas por 12 aldeiasCercado pelo mar, neste chão de Guiúa, Inhambane, Moçambique, não há terra. Há areia da qual os seus habitantes conseguem, se chove, arrancar um pouco de amendoim, mandioca e feijão. a areia, a dispersão das casas e o calor, sobretudo neste período, dificultam a marcha. Mas vale a pena o esforço. a visita às famílias é uma celebração comunitária de fé e de fraternidade. Todos visitam todos. Em fila indiana dezenas de fiéis seguem a cruz, cantando e rezando. São uma bênção dentro da bênção para quem é visitado. Chegados a uma casa, em primeiro lugar saúda-se a família e procura-se saber como estão, sobretudo os ausentes. Segue-se uma oração de bênção da família e em seguida a aspersão da casa. Terminada a celebração, quem foi visitado agrega-se ao grupo e vai visitar as outras famílias. Desenha-se na paisagem uma cadeia humana crescente de paz e desejo de ser comunidade. Quais os frutos deste trabalho paciente que começa em abril e termina em Dezembro? Muitos e bons. Em primeiro lugar permite entrar em contacto directo com os membros da comunidade e rezar com eles nas suas casas. Conhecer a sua situação familiar e os seus problemas. É um gesto simples que tem dado bons frutos. aumenta o número dos que se deixam tocar e entram na catequese de preparação ao baptismo; regressam à comunidade os cristãos não praticantes ou os que tinham abandonado a Igreja católica seduzidos pelas seitas; a comunidade cristã-capela organiza-se, em núcleos de oração, divisão das tarefas e descobre dentro de si novas maneiras de ser presente, participar e ajudar o próximo. Para o ano, se Deus quiser, casa a casa, subirei mais uma duna.