Em quem pomos a nossa confiança? antigamente, para confiar em alguém
bastava a “palavra”, acompanhada da linguagem do olhar
Em quem pomos a nossa confiança? antigamente, para confiar em alguém
bastava a “palavra”, acompanhada da linguagem do olharOutrora, nas relações interpessoais, a palavra, o olhar, um aperto de mão eram os sinais videntes e necessários para demonstrar que estávamos a dar a outra pessoa a nossa plena confiança.
a palavra tinha a força da sinceridade. Os olhos deixavam transparecer as boas intenções que brotavam do coração e o aperto de mão carimbava a autenticidade de sermos pessoas coerentes com o dizer e o fazer. Estas três componentes tornavam-se porta de entrada para o outro na minha vida e o terreno propício para experimentar e desenvolver a confiança comigo mesmo e com as outras pessoas.
Há bastante tempo, comecei a perceber que o mundo em que vivemos não está a criar ou a proporcionar o terreno necessário para crescermos na virtude da confiança. É urgente e imperioso confiarmos em alguém e sentir que somos pessoas confiáveis. Facilmente damos conta que passamos a vida desconfiados e desconfiando de tudo e de todos.
Nem em nós próprios já confiamos. Estou convencido que uma das causas deste fenómeno psicossocial é a falta de autoconhecimento. Enganamo-nos, se partimos da certeza de que já conhecemos tudo o que se refere a nós próprios.
a prova disso é que vivemos a vida tentando dar respostas aos nossos problemas e acontecimentos sem nos perguntarmos a causa ou a origem deles. Sem pretender ser pessimista, vejo que o nosso mundo se torna cada vez mais superficial. Isso faz de muita gente pessoas superficiais, que só se interessam em dar respostas imediatas aos efeitos provocados por causas que têm a sua origem em nós, mas que desconhecemos. O mundo do marketing tomou as rédeas das prioridades da vida. Hoje, vendem-se soluções imediatas, mas lamentavelmente passageiras.
O que importa é consumir aquilo que mata a sede já e depressa.como fazer nascer a confiança num mundo assim? a verdadeira confiança nasce de uma profunda experiência de autoconfiança. Se não confiamos nas nossas próprias capacidades, dons e potencialidades, seremos sempre inseguros de nós próprios. Por consequência, iremos projectar as nossas falhas nos outros.
Quanto mais me conheço, mais sou capaz de conhecer e amar o outro. a confiança em Deus ganha força quando, no caminho da viagem interior do autoconhecimento, descobrimos que, para além da própria pele, corpo, sentimentos, feitios e limitações, há uma força interior maior que nos sustenta e nos mantém vivos. É como um motor que nunca pára ou uma chama sempre acesa. Esta experiência da presença de Deus convida-nos a confiar n’Ele e até às últimas consequências. Só n’Ele a nossa existência tem sentido.