Enviado do Papa ao Japão, o cardeal português beatificou, hoje, 24 de Novembro, numa cerimónia em Nagasaki, 188 mártires do início do século XVII
Enviado do Papa ao Japão, o cardeal português beatificou, hoje, 24 de Novembro, numa cerimónia em Nagasaki, 188 mártires do início do século XVIISaraiva Martins declarou bem-aventurados as 188 vítimas da repressão anticristã dos shoguns Tokugawa, os mestres do Japão da época. Na cerimónia de beatificação estavam presentes mais de 30 mil pessoas.
a beatificação é o reconhecimento de que os beatos praticaram em modo heróico as virtudes cristãs e precede a canonização. Numerosos sacerdotes e religiosos participaram na cerimónia durante a missa no estádio de Nagasaki, centro histórico do cristianismo no Japão. Estavam presentes numerosos cristãos da Coreia do Sul e das Filipinas.
Entre os mártires decapitados, crucificados ou queimados vivos pela sua fé, apenas cinco eram sacerdotes ou membros de congregações religiosas. Os restantes 183 eram leigos, homens e mulheres, crianças e idosos. O seu martírio é um convite a viver profundamente a sua fé na vida de todos os dias, seguindo as palavras do Evangelho, e a estar prontos, se necessário, a dar a própria vida, afirmou o cardeal.
O catolicismo cresceu no Japão a partir do século XVII, sobretudo na ilha meridional de Kyushu, pela acção de jesuítas espanhóis e portugueses. Tido como um cavalo de Tróia do Ocidente, o cristianismo foi proibido em 1614 pelo shogun Ieyasu Tokugawa. Em consequência, dezenas de milhar de católicos japoneses foram perseguidos, torturados, feitos prisioneiros ou exilados.
actualmente o Japão conta meio milhão de fiéis católicos. O processo de beatificação iniciou há 27 anos, aquando da visita de João Paulo II ao arquipélago, em 1981. a Igreja japonesa já contava 42 santos e 205 beatos.