a Guiné continua a ser o país lusófono fiel a tradição da tragédia Política
a Guiné continua a ser o país lusófono fiel a tradição da tragédia PolíticaO bom político parece ser aquele que tem coragem de protagonizar uma morte violenta ou despedir-se do povo e da capital guineense num manto de violência. Na linguagem política ou militar o bom homem, o bom cidadão é aquele que morre tragicamente em conspiração política ou militar. a memória colectiva não aceita considerar bom quem não atinge este tipo de morte.
É nesta perspectiva que as declarações de Kumba Yalá não surpreendem o politólogo, o investigador e o cidadão atento sobre a questão guineense. Fiel a si mesmo e à tradição da tragédia política na Guiné, Kumba proferiu declarações que podem ser sementes de uma provável recusa dos resultados eleitorais na Guiné.
acusou instituições credíveis como é o caso da Universidade Católica Portuguesa e da RFI de ter participado em sondagens que visam manipular os resultados eleitorais, algo que as referidas instituições já desmentiram. Nada de novo! É o estilo guineense no seu melhor.
Seja como for, o grande vencedor deste escrutínio parece ser o antigo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, já que foi demitido por entrar em divergência com o presidente Nino Vieira. agora parece que há um novo vento a desenhar um entendimento entre os dois, um entendimento pouco fiável e muito pouco recomendável.
a divergência política na Guiné conduz sempre a uma morte violenta. Carlos Gomes Júnior escapou a uma morte violenta quando acusou o presidente Nino de ter procurado refúgio na sede das Nações Unidas em Bissau. Vamos esperar que o bom indicador da participação cívica possa ser merecedor de um bom governo.