Pela quinta vez na sua história, o eleitorado guineense está de novo convidado a decidir o destino do país de amílcar Cabral
Pela quinta vez na sua história, o eleitorado guineense está de novo convidado a decidir o destino do país de amílcar CabralDepois de ter ganho a sua independência proclamada unilateralmente em 1973 e reconhecida por Portugal em 1974, a Guiné-Bissau nunca conheceu longos períodos de estabilidade política e militar, mesmo depois de ter aderido ao vento da democratização do solo africano. Viveu de golpe em golpe, cujo último foi em 1998 e que arrastou o país para uma guerra civil que durou 11 meses, seguidos depois por um período de transição que terminou com as eleições gerais de 1999/2000.
No entanto, em 2003 os militares decidem destituir Kumba Ialá da presidência da República. a destituição obrigou novamente a um período de transição que desta vez terminaria em 2005 com o regresso de amílcar de Nino Vieira de Portugal e, consequentemente, com a sua eleição pela terceira vez para o mais alto cargo da nação.
a nível político, o país conta com duas grandes contrariedades. a primeira tem a ver com a fragmentação política ou partidária que, neste caso, beneficiará sobretudo o histórico partido fundado por amílcar Cabral, o PaIGC, e o partido do líder populista recentemente convertido ao Islão, Kumba Ialá. a reconciliação recente feita dentro do PaIGC com a reeleição do antigo primeiro ministro, Carlos Gomes Júnior, para o cargo do presidente do partido vai ajudar a concentrar votos para o PaIGC. Por outro lado, o populismo de Kumba Ialá e o seu enamoramento ao Islão também lhes serão recompensados. É nesta lógica que alguns pequenos partidos decidiram formar uma coligação para tentar evitar que haja uma maioria absoluta no parlamento por parte destes dois partidos.
a segunda contrariedade tem a ver com a consolidação da solidariedade étnica e religiosa que se vai expressar no momento dos votos. Naturalmente os partidos crioulos não podem contar com esta solidariedade, já que os seus líderes são normalmente guineenses de origem cabo-verdiana, portuguesa ou libanesa.
No entanto, o mal guineense, do qual certamente se falará nesta campanha eleitoral, não está só no mal-estar das instituições político-militares. O mal-estar está sobretudo na questão da droga que preocupa praticamente todo o mundo. a fraqueza institucional transformou o país num estado narcotráfico, com implicação séria de muitos dirigentes políticos e militares. No entanto, enquanto a comunidade internacional se preocupa em eliminar a droga que pode afectar o Ocidente, os pobres que não vendem droga vão morrendo de cólera.