O casamento, o divórcio, a situação actual do país e os novos pobres são temas deste entrevista
O casamento, o divórcio, a situação actual do país e os novos pobres são temas deste entrevistaEm entrevista ao Diário Económico, o cardeal patriarca de Lisboa salienta que há novos pobres que não entram nos rankings’ como desprotegidos mas que são pobres porque a sua situação económica não é suficiente. José Policarpo considera que as medidas tomadas para ajudar estas pessoas é o correcto. Mas o consumo tem limites e a publicidade como tem sido feita também deve ser posta em causa com esta crise.
Os novos pobres que ganham um salário, mas cujo dinheiro não chega até final do mês, são uma das situações para as quais a Igreja olha com particular atenção. É evidente que a Igreja não tem soluções globais para este fenómeno, nem deve tender tê-las, porque é uma função da sociedade enquanto um todo. Penso que todos devemos trabalhar para ter uma ideia mais exacta sobre isso, que o discurso político tende a esconder, a camuflar.
Quanto à Concordata, ainda por entrar em vigor, apesar de regulamentada desde a sua assinatura, em 2004, há pequenos entorses. Em Portugal há uma distinção muito grande entre o que se decide nas conversas e nos guichets’, salienta o prelado. Muitas vezes é esquecido que a lei anterior mantém-se em vigor, enquanto não entra em vigor a nova lei. Nas capelanias hospitalares houve hospitais que recusaram contratar capelões, ou que não os contrataram segundo o estatuto legal em vigor; nas prisões tem sido praticamente impossível nomear novos capelões, exemplifica.
O patriarca de Lisboa considera que a união de duas pessoas do mesmo sexo é um assunto mais complicado que o divórcio, mas lembra que pastoralmente, sempre tivemos em conta que esses nossos irmãos e irmãs – e as irmãs são um dado novo do nosso século – deviam ser acolhidos. Eu próprio ajudei muitos a equacionar esse problema e bem.