Há um vento manso que continua a soprar tristemente nas mortíferas ruas da Somália. O Céu parou a história de quem aí­ vive e a violência roubou a memória da noção de PaZ
Há um vento manso que continua a soprar tristemente nas mortíferas ruas da Somália. O Céu parou a história de quem aí­ vive e a violência roubou a memória da noção de PaZOs mais velhos provavelmente já ouviram tal palavra: Paz. Mas quem será afinal o mais velho num continente onde o nível de vida oscila entre os 35 e os 45 anos? assim sendo, poucas pessoas na Somália poderão dizer que já ouviram falar de uma paz real, aquele momento de acalmia que nos faz dormir e sonhar na tranquilidade e com um mundo justo e melhor.
No novo mapa de interesse mundial, o conflito entre os pobres deve ser rápido, ou melhor, as populações envolvidas em conflitos devem fazer tudo para que os mesmos sejam breves; aliás, devem fazer tudo para que não haja conflitos, e caso esta possibilidade falhe, devem esforçar-se para que estes conflitos sejam breves.
Em África, a Somália e o Uganda estão a pagar o preço do conflito dos pobres, o inferno dos esquecidos. O orgulho americano arrastou consigo as grandes potências para o esquecimento da Somália. Parece que mais vale lembrar-se do desaire de um país rico, como é o Iraque, que lembrar-se do desaire das tropas americanas num país pobre, como é o caso da Somália, e sobretudo, um país pobre africano.
a gestão das recentes piratarias contra as embarcações francesas e espanholas vêm testemunhar o medo que os países ocidentais têm da violência somaliana. a memória visual dos telespectadores ocidentais ainda guarda as imagens inumanas dos corpos dos militares americanos mortos, arrastados publicamente pelos carros militares somalianos nas ruas de Mogadíscio. Talvez seja esta ousadia que lhes valeu o preço do esquecimento.