é uma questão tão antiga como a afirmação do homem na sociedade dos direitos. Na antiguidade clássica o debate sobre os direitos resume-se a uma espécie de esfera entre a «divindade e a Política»
é uma questão tão antiga como a afirmação do homem na sociedade dos direitos. Na antiguidade clássica o debate sobre os direitos resume-se a uma espécie de esfera entre a «divindade e a Política»Muitos governantes do mundo ocidental criticam, numa linguagem da diplomacia pública, os dirigentes do designado terceiro mundo e não só. Por outro, não hesitam em ficar calados perante o desrespeito dos direitos humanos para não perderem o comboio das parecerias económicas. Sempre que questionados sobre o seu silêncio em matéria de direitos humanos, também não hesitam em responder que utilizam a diplomacia privada para chamar à atenção a quem de direito. Verdade ou não, só a política responde a esta ambiguidade, uma vez que é próprio da política lidar com aquilo que se tem na mão aqui e agora. É o hic et nunc que Maquiavel foi buscar aos romanos e interessar-se pouco por aquilo que deveria ser ou a forma como os cidadãos gostariam que ela fosse. assim, quanto mais criticamos o maquiavelismo político dos dirigentes terceiros mundistas por governarem hipocritamente os seus cidadãos, mais actuam políticos, de forma maquiavélica, para garantir os seus interesses políticos e económicos.
Ficar calado em relação ao desrespeito dos direitos humanos para não perder o comboio dos negócios é a mesma coisa que dizer que só há direitos humanos depois da autorização política destes mesmos direitos. Também é uma contradição não ter vontade e coragem política para exigi-los a uns e forçar que outros os respeitem. O apertar de círculo em relação à matéria dos direitos humanos no Zimbabué, pela comunidade internacional, é antes de tudo uma questão hipócrita, uma vez que a própria comunidade internacional nada se importaria com os direitos humanos neste país, se o poder zimbabueano fosse servil aos seus interesses. a mesma comunidade internacional que atacou duramente o regime de Mugabe, parece encontrar-se sem saída em relação à mortífera situação de Darfur, da Geórgia ou do Tibete. a fraqueza da política da comunidade internacional em direitos humanos reside na contradição dos dois pesos e duas medidas. Há pouca diferença entre o que se passa, hoje em dia, no Zimbabué e o que se passa na China, na Tchetchénia Russa, em angola, no Egipto, na Líbia do coronel Kadafi, na Etiópia, no Chade e na Guiné Bissau, para citar apenas alguns. O bloqueio russo e chinês à questão de Darfur no Conselho de Segurança daa Nações Unidas é, sem dúvida, uma violação gritante dos direitos e interesses políticos sobre os direitos humanos. Em África, poucos são os líderes africanos que podem criticar abertamente Mugabe, porque sabem que bebem da mesma água.
as vozes críticas da comunidade internacional sobre o Zimbabué não passam de uma inadmissível permissividade compassiva. a incoerência da comunidade internacional continua a ser não só uma grande força para os ditadores africanos, como também uma grande auto-estrada para o desrespeito dos direitos humanos em África.